Dia 9 de outubro de 1940 é a data de nascimento de John Lennon, que estaria completando seus 72 anos de vida, caso não tivesse sido vítima de um louco em dezembro de 1980. Para comemorar a data, está chegando as livrarias inglesas um livro chamado The John Lennon Letters. A publicação, ideia do autor da biografia autorizada dos Beatles (A Vida dos Beatles), o jornalista inglês Hunter Davies, reúne mais de 200 cartas e cartões postais escritos por Lennon.
O importante para nós, que vivemos neste país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza, é que dois brasileiros estão representados no livro com correspondências enviadas por Lennon. Por coincidência, os dois nasceram e vivem no Rio de Janeiro: Lizzie Bravo (a fã que fez backing na canção Across the Universe) e este jornalista que vos fala.
Quem quiser reler a história dos cartões que Lennon enviou para mim pode clicar aqui.
O livro, que tem a chancela de Yoko Ono, será editado em 15 idiomas – inclusive o português, onde sai pela Editora Planeta com o título de As Cartas de John Lennon -, além dos países de língua inglesa. A maioria desses lançamentos agora em outubro.
Aproveitando a ocasião, publico abaixo uma pequena entrevista com Hunter Davies, sobre o novo livro e sobre a biografia dos Beatles.
Mr. Davies, como foi o tempo que passou com os Beatles enquanto preparava a biografia?
Foi fantástico. O ano de 1967 foi realmente especial para ele e para todos ligados em música. Eu conto essa história toda na última atualização da biografia (em meados dos anos 80).
Seu livro é “bem limpo” em alguns aspectos. Você gostaria de reescrever algo ou contar alguma história mais picante que tenha ficado fora do livro?
Ele não foi considerado “limpo” na época (1968). Todas as críticas, especialmente nos Estados Unidos,disseram que era o livro mais revelador já escrito sobre estrelas pop. Ele incluía a palavra “fuck”, dizia que o Brian Epstein era um gay solteiro, tinha histórias do John roubando quando era criança, etc. As pessoas ficara chocadas naquele tempo. Eu só não inclui nada sobre sexo com groupies – embora todos soubessem disso – porque cada um deles tinha esposa ou namoradas e resolvi poupá-las.
Caso fosse escrever o livro novamente, ainda deixaria de fora essa parte sobre sexo. Eu só gostaria de ter alado mais sobre a música deles e usado um gravador – já que eu presenciei muito mais sessões de gravação e ensaio que as que usei no texto final. Imagino quanto essas fitas não valeriam hoje. Eu só fiz anotações.
Sempre soube que você e Paul McCartney eram amigos. Porém, li uma entrevista dele em 1986 na qual ele fala de você de uma maneira não muito elogiosa. O que aconteceu?
Por favor me mande uma cópia do que o Paul disse. Eu não lembro de ter visto isso. *
*Após enviar a entrevista da Musician de outubro de 1986, Davies disse que as reclamações de Paul não eram procedentes.
Como foi que Yoko chegou até você para escrever esse novo livro?
Na verdade eu fui até a Yoko. Foi tudo ideia minha, mas ela me deu sua benção e permissão, como detentora dos copyrights, sem o qual isso não seria possível.
Mas ela não forneceu nenhuma correspondência do John.
Alguma história o deixou surpreso enquanto preparava o The John Lennon Letters?
Não consigo lembrar de nenhuma grande revelação. São apenas cartas que mostram várias partes da personalidade de john.
E o que achou de encontrar dois brasileiros com correspondências enviadas por Lennon?
Foi uma surpresa muito agradável ter duas pessoas do Brasil com tanta coisa enviada por ele.
Você já escreveu livros sobre ferrovias, a história do futebol e os Beatles, claro. Sobre quais assuntos você gostaria de escrever no futuro?
Gostaria de escrever mais sobre a história do futebol.
Quantas cartas você conseguiu recolher e qual foi o critério para publicá-las?
No total eu consegui 300, mas eu ultrapassei o conceito de cartas, incluindo também cartões postais (como o seu), além de alguns bilhetes e anotações.
É isso! Depois digam o que acharam do livro.