Livro mostra uma visão diferente do mestre Ricardo Boechat

Em Toca o Barco —Histo?rias de Ricardo Boechat contadas por quem conviveu e trabalhou com ele, colegas de trabalho mostram um lado do jornalista que nem sempre é revelado em biografias, oficiais ou não

Ricardo Boechat

Gostasse ou não dele (será que alguém não gostava) não há como negar que Ricardo Boechat era uma força do jornalismo. Sua morte precoce (em 11 de fevereiro deste ano) deixou um vazio em praticamente todos os meios (televisão, rádio revista e jornal).

Normalmente, as biografias (autorizadas ou não) contam uma história que vai desde a infância até os últimos dias do personagem em questão. Ainda bem, esse não é o objetivo de Toca o Barco (Editora Máquina de Livros).

Depoimentos e histórias deliciosas

O livro, organizado e editado por Bruno Thys e Luiz Andre? Alzer, e que tem como complemento do título “Histo?rias de Ricardo Boechat contadas por quem conviveu e trabalhou com ele” . é um apanhado de depoimentos de coleguinhas que trabalharam com ele durante os seus 50 anos de carreira.

Não há um único jornalista que tenha convivido com ele que não tenha uma história para contar — eu mesmo, que apenas convivi no mesmo ambiente (entre 2000 e 2001), na redação de O Globo, tenho, ao menos, uma.

Para mostrar como era o temperamento e o talento de Boechat, que soube se reinventar no microfone da Bandnews FM, foram reunidos textos de gente do calibre de Jose? Sima?o, Ancelmo Gois, Fernando Mitre, Datena, Tatiana Vasconcellos, Leilane Neubarth, Fernando Mitre e Rodolfo Schneider, entre outros importantes nomes da nossa imprensa.

Nas 176 páginas da publicação, é possível rir, se irritar e emocionar. Afinal, Boechat era de uma época onde esporros eram constantes e não entravam na categoria “assédio moral”. Essa é uma das características que manteve até o fim da vida, com algumas broncas ao vivo na sua equipe da Bandnews.

A minha história preferida — até mesmo por razões pessoais — é a de quando ele atacou um alarme de incêndio a sapatadas, na redação de O Globo.

Pode parecer insano, mas o tal alarme disparava quase toda noite, bem na hora do fechamento do jornal. Era um defeito crônico e que, um dia, causou esse acesso de fúria (aplaudido internamente por muitos do que trabalhavam lá).

Mas as histórias são muitas e saborosamente contadas pelos jornalistas que trabalharam com Boechat. Toca o Barco — que para quem não sabe era o bordão mais famoso usado pelo jornalista em suas intervenções na rádio — é um raio-x diferente da personalidade do jornalista.

Um Boechat polivalente

Mas não pensem que Ricardo Boechat era “apenas” o âncora do Jornal da Band e da Bandnews FM. Ele trabalhou em jornais, revistas e foi o titular de uma das mais importantes colunas da imprensa brasileira, isso, depois de passar anos como braço direito do também inesquecível Ibrahim Sued.

Ele também foi o autor da ótima “biografia” do Copacabana Palace — Copacabana Palace – Um hotel e sua história (Editora DBA) — e um entusiasta do velho esporte bretão, embora nunca tenha tido muita habilidade com a redonda.

A habilidade em jogar em todas as posições era sempre seguida de um boa dose de indisciplina, sem a qual o jornalismo não existiria.

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Boechat: um membro da família

Outra característica de Boechat — e, talvez, uma das grandes razões do seu sucesso no rádio — era a intimidade (verdadeira) que mantinha com os ouvintes. Não era raro perguntar o nome da mãe de algum político ou presidente de empresa, para usar como exemplo na hora de alguma reclamação.

Também não era incomum citar a sua própria mãe (Dona Mercedes), que servia até como fonte para tirar dúvidas, como no caso do nome do time Talleres, que muitos (inclusive ele) achava que significava talheres, mas, na verdade, significa oficinas.

Outra pessoa sempre citada era sua esposa, a “Doce Veruska”. Assim, Boechat, que sempre dava o número do seu celular no ar, criou uma conexão com seus ouvintes como nenhum outro âncora jornalístico na história do rádio brasileiro.

Leitura fácil

Toca o Barco — Histo?rias de Ricardo Boechat contadas por quem conviveu e trabalhou com ele é uma leitura fácil. Fica a sensação de que poderia ter o dobro de páginas (histórias não faltariam).

Falar da história profissional de Ricardo Boechat seria fácil, mas o que Bruno Thys e Luiz Andre? Alzer fizeram vai muito além disso e nos dão um retrato muito mais interessante de um dos personagens mais importantes do jornalismo brasileiro.

Toca o Barco deveria ser leitura obrigatória nas tão necessárias faculdades de jornalismo do país.

Serviço

Toca o barco – Histo?rias de Ricardo Boechat contadas por quem conviveu e trabalhou com ele

Editora: Ma?quina de Livros
Autores: Va?rios (organizac?a?o e edic?a?o de Bruno Thys e Luiz Andre? Alzer)
Número de páginas: 176
Prec?os sugeridos: R$ 44,90 (papel) e R$ 24,90 (e-book)

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