O segundo show de Paul McCartney no Recife desde o começo foi marcado por muitas dúvidas, já que seu anúncio foi feito mesmo sem que o primeiro dia tivesse seus ingressos esgotados. Para compensar, o Governo de Pernambuco distribuiu cerca de 2 mil ingressos entre os seus servidores e a organização modificou a configuração do estádio, diminuindo a pista prime e as arquibancadas, dando a impressão que o estádio estava lotado.
O sol continuou brilhando na capital pernambucana, o forte calor continuava castigando o Recife, o que fez com que Sir Paul, que desceu de sua suíte por volta das 14h20 para se exercitar na academia do hotel onde estava hospedado dizendo “Good Morning”, atrasasse mais uma vez a sua saída para a passagem de som.
Com filas menores e bem menos tumulto que na noite anterior, o Arruda pareceu mais confortável, mas ainda assim mostrou que ainda precisa de muitas mudanças para receber um evento desse porte.
Soundcheck de graça e pontualidade britânica
O menor público para o show também se refletiu no número de pessoas que pagou o exorbitante preço do ticket Vip Hotsound, que dá direito a um almoço vegetariano, assistir a passagem de som e entrar no estádio antes da abertura dos portões para os mortais. Para compensar o pouco público (normalmente limitado a 200 pessoas) e não deixar Sir Paul constrangido, a organização decidiu liberar o soundcheck para os 50 primeiros da fila da pista Premium. Pode até ter sido simpático, mas eu pediria meus mais de US$ 1 mil de volta, caso tivesse pagado pelo ingresso.
Mas, apesar do atraso na saída do hotel e na abertura dos portões, Paul e banda entraram pontualmente às 21h30 no palco, aparentando menos sofrimento com o calor do que na noite anterior. O set teve pequenas modificações e foi aberto com Hello Goodbye, causando certa tristeza nos fãs mais hard core que torciam pela dobradinha Venus and Mars/Rockshow, seguida pela sempre presente Jet. De resto, a inclusão de Drive My Car (no lugar de Got to Get You Into My Life), I’ve Just Seen a Face (substituindo Things We Said Today) e, a grande surpresa, I Saw Her Standing There (que deixou de fora Helter Skelter).
As mudanças, principalmente a inclusão de I Saw Her Standing There, foram, provavelmente, fruto da satisfação com o público da noite anterior, assim como aconteceu na segunda noite do Engenhão, em 2011.
E Paul deve ter ficado satisfeito com as surpresas preparadas pela platéia, apesar do maior número de pessoas presentes apenas por terem ganho um ingresso. Foram levantadas máscaras com carinhas de várias fases de Macca (no sábado) e – o mais legal, na minha opinião – cartazes com os nomes dos membros da banda, que foram mostrados durante a execução de Band on the Run, e que arrancaram sorrisos e muitos agradecimentos dos músicos. Eles (e nós) ganhamos a noite com essa brincadeira. Também houve a delicada homenagem para dois dos amores de Paul: Nancy (sua atual mulher) e Linda (sua eterna companheira).
A voz de Paul pareceu não sentir as várias horas de cantoria, mas ficou claro que ele falava e interpretava em um volume mais baixo que 2010, por exemplo. Aliás, a qualidade do som desta segunda apresentação superou em muito a noite de estréia. Ponto para Pablo e toda a equipe responsável pelo que saia das caixas de som do estádio.
Fim de espetáculo e a tradicional chuva de papel picado se misturou a chuva real, que serviu para lavar a alma dos fãs que se deslocaram de várias partes do País para assistir ao maior compositor do século XX e, provavelmente, do século XXI também.
O setlist
Hello, Goodbye
Junior’s Farm
All My Loving
Jet
Drive My Car
Sing the Changes
The Night Before
Let Me Roll It
Paperback Writer
The Long and Winding Road
Nineteen Hundred and Eighty-Five
My Valentine
Maybe I’m Amazed
I’ve Just Seen a Face
And I Love Her
Blackbird
Here Today
Dance Tonight
Mrs. Vandebilt
Eleanor Rigby
Something
Band on the Run
Ob-La-Di, Ob-La-Da
Back in the U.S.S.R.
I’ve Got a Feeling
A Day in the Life
Let It Be
Live and Let Die
Hey Jude
Bis:
Lady Madonna
Day Tripper
Get Back
Bis 2:
Yesterday
I Saw Her Standing There
Golden Slumbers
Carry That Weight
The End
Fotos: Marcos Hermes e Adriano Ferrari