‘Novo’ Let it Be será distribuído pela Disney. Saiba o que esperar dele

Filme tem data para chegar aos cinemas (americanos) em setembro, porém ainda há muitas dúvidas não respondidas sobre o projeto The Beatles: Get Back, dirigido por Peter Jackson e que usará cenas inéditas das gravações do disco Let it Be

A nova versão do filme Let it Be — filme gravado em janeiro de 1969, mas só lançado pelos Beatles em 1970, depois da sua separação oficial — ganhou título e data de lançamento (se o coronavírus não mudar os planos atuais).

The Beatles: Get Back, dirigido por Peter Jackson (O Senhor dos Anéis), chega aos cinemas americanos e canadenses em 4 de setembro. Segundo a Disney, ainda não há informações de que ele será lançado no Brasil. Atualização em 6 de abril: A Disney confirmou a data de lançamento no Brasil para 3 de setembro! Atualização em 13 de junho: A data de lançamento do filme passou para agosto de 2021!

 

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Disney e Beatles de mãos dadas

Porém, o mais importante dessa notícia é que o filme será distribuído pela Disney. A parceria entre a Apple — a original — e a Disney promete corrigir a maior falha do último lançamento em vídeo sobre a banda — o documentário Eight Days a Week —, que foi a distribuição.

O documentário sobre os anos de turnê da banda teve pouca visibilidade nos cinemas e não foi bem explorado nos serviços de streaming. Com a Disney, esse panorama deve mudar muito.

A empresa deve apostar em uma maior exposição do novo longa nos cinemas de todo o mundo e na sua plataforma de streaming, a Disney+. Let it Be

Imagens e som restaurados

The Beatles: Get Back foi compilado usando as mais de 55 horas de filme e 140 horas de áudio gravados em janeiro de 1969. As mesmas imagens e sons usadas como base para o que se tornaram o filme e álbum Let it Be.

As imagens gravadas naquele frio mês de janeiro, e que foram gravadas em 16mm e 35mm, foram restauradas pela mesma equipe que colaborou com Jackson no brilhante documentário sobre a 1ª Guerra Mundial: “They Shall Not Grow Old” (no Brasil, “Eles não Envelhecerão”).

Se a equipe da Nova Zelândia fizer a metade do que fizeram com as imagens de guerra, os fãs dos Beatles terão um documento visual de altíssima qualidade.

Além disso, toda a música usada no filme (estéreo ou não) será mixada pela dupla Giles Martin e Sam Okell —a mesma responsável pelos últimos (re)lançamentos do catálogo da banda — nos estúdios de Abbey Road.

Mixar bem o som será, provavelmente, um dos maiores desafios do novo projeto, assim como sincronizar áudio e imagem de maneira decente.

Muitas dúvidas sobre o “novo” Let it Be

Porém, o press release divulgado pela Apple e pela Disney acabou deixando um grande número de dúvidas sem respostas.

Segundo o comunicado, “o filme vai mostrar o calor, a camaradagem e o humor que existiu durante a feitura do álbum Let it Be e a última apresentação do grupo, no icônico concerto no telhado do escritório da banda em Savile Row, em Londres”.

No mesmo release há depoimentos de Paul McCartney e Ringo Starr que vão na mesma direção.

Paul diz: “Estou realmente feliz que o Peter (Jackson) mergulhou nos nossos arquivos para fazer um filme que mostre a verdade sobre como eram os Beatles gravando juntos. A amizade e amor entre nós aparece e me faz lembrar que tempos ‘belamente loucos’ nós tivemos”.

É nessa hora que os fãs ficaram com “a pulga atrás da orelha”.

Let it Be

Onde estava a felicidade?

Embora a imensa maioria das imagens feitas durante o projeto continuem inéditas, praticamente tudo o que foi gravado em áudio já foi divulgado pelos bootleggers (distribuidores de gravações ilegais).

E, quem já se deu ao trabalho de ouvir essas gravações na sua totalidade, sabe que a maioria delas é modorrenta e mostra um grupo de músicos desinteressados e de saco cheio uns dos outros.

Claro que há momentos alegres e inspirados, mas eles são poucos e vêm (na sua maioria) de Paul McCartney, o único que realmente parecia se importar com o projeto. Por isso o filme original é triste e mal-humorado, com alguns momentos de risos e alegria (veja o próximo vídeo).

Portanto, ler que o novo filme vai mostrar “a verdade” e “a alegria e amizade” do grupo assusta. Afinal, foram nessas sessões que Paul e George discutiram feio, John e George saíram “na mão” e que George deixou a banda (para voltar alguns dias depois).

Rooftop completo

Outro ponto que não ficou claro é como o concerto do telhado será apresentado. Segundo o comunicado da Apple a apresentação estará completa (42 minutos), mas não disse se fará parte do filme que irá aos cinemas ou se será um extra do DVD;blu-ray.

Nem mesmo sabemos se ela será colocada de uma vez ou se as canções serão espalhadas pelo filme, que também não tem uma duração divulgada.

Foram apenas nove números (cinco canções), mas é um dos momentos mais famosos e copiados do rock mundial.

Livro e o “velho” Let it Be

Pra completar o pacote, um novo livro sobre o filme também será lançado (clique no link para encomendar o seu na Amazon) e há a promessa de que o velho Let it Be — dirigido por Michael Lindsay-Hogg — será lançado, embora nenhuma data tenha sido divulgada.

Também não foi informado se o novo filme terá apenas imagens “inéditas” ou se usará trechos que foram selecionados por Hogg para o filme original.

Há rumores sobre uma caixa com CDs de material de áudio “inédito”, mas nada oficialmente confirmado.

Manteremos vocês informados!

Relembrando o projeto Get Back

Os Beatles tinham acabado de lançar — no fim de novembro de 1968 — depois de meses de gravações (e brigas) o Álbum Branco. Apesar do clima ameno mostrado em vários outtakes das gravações, foi nessa época que o primeiro beatles abandonou o barco (Ringo).

Foi durante essas gravações que George Martin começou a perder o controle sobre o grupo e que o engenheiro Geoff Emerick resolveu não mais participar do projeto por conta do clima ruim entre os integrantes.

Portanto, só mesmo um workaholic como Paul McCartney poderia ter pensado em levar a banda para ensaiar pouco tempo depois. As filmagens começaram em 2 de janeiro de 1969.

Ok, que a “culpa” não foi apenas de Paul. Já fazia alguns meses que a ideia de fazer um (ou alguns) shows na Inglaterra ou em lugares tão bizarros quanto alguma ruína na Grécia.

Let it Be

Durante algum ponto, foi sugerido que se filmasse o grupo ensaiando para o tal concerto, aprendendo canções novas e “criando mágica”. O produto final deveria se transformar em um especial para a TV. Nesta época, o nome do projeto se chamava Get Back.

Get Back era, além do título de uma das novas canções, um lembrete de que eles estariam “voltando às raízes”. Eles não usariam nenhum truque de estúdio, nem mesmo fariam overdubs.

Para resumir a história, no fim das contas, o show acabou acontecendo no terraço do escritório da Apple e o que seriam ensaios acabaram sendo lançados como o filme e LP Let it Be.

Um parto de 15 meses

O resultado ficou tão ruim que várias versões do disco foram feitas por vários produtores e tudo) só foi lançado 15 meses depois das filmagens/gravações. Esse era um tempo tão grande para os Beatles que o LP Abbey Road foi gravado e lançado antes dele. Até mesmo a banda não existia mais quando o filme chegou aos cinemas.

Desde então, John e George (principalmente) desancaram o projeto sempre que possível e nunca foram muito favoráveis a relançar o filme. A última vez foi na década de 1980.

Será que agora vai?

Por enquanto não é uma boa ideia viajar, mas prometemos dar dicas de como visitar os estúdios onde Let it Be (e muitos 007, por exemplo) foram filmados.

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