Adoro rádio (AM e FM), embora tenha tido poucas experiências no veículo, e sofro toda vez que vejo (ou ouço) as decisões que tiram do rumo o que estava dando certo.
Faz um bom tempo eu escrevi sobre a derrocada da CBN. Na época, falava sobre várias decisões equivocadas tomadas pela direção da emissora. Passado um bom tempo, o panorama parece não ter mudado, principalmente no Rio de Janeiro. Depois de alguns indícios de que a Central Brasileira de Notícias – sim, esse é o nome original da emissora, lembram? – poderia voltar ao primeiro lugar no Ibope das emissoras de notícias – todos os dados divulgados mostram que Ricardo Boechat e a BandNews estão na liderança com alguma folga há algum tempo -, a coisa parece que piorou.
A contratação de Fernando Molica como âncora do CBN Rio foi um acerto que, se não compensava os erros das demissões de gente do calibre do Sydney Rezende, Carolina Morand e Maurício Martins, para citar apenas alguns, mas deixava as manhãs do Rio de Janeiro com uma opção diferente da BandNews FM e do ótimo Ricardo Boechat e equipe, na faixa das rádios de notícias.
Os números não mentem e, seja lá qual for a razão da demissão de Molica – falaram em salário alto demais – a única verdade da qual não se pode escapar é da lavada que a rádio está levando das concorrentes em vários quesitos. Na verdade, o problema não está apenas na CBN, mas sim em todo o Sistema Globo de Rádio (SGR), que vai só caindo. A competição no segmento de notícias mostra que a BandNews nada de braçada, mas o pior mesmo é ver que no geral a rádio não consegue nem ficar entre as dez mais ouvidas e que a Rádio Globo segue a mesma trilha.
Bola fora no esporte
Alguns anos atrás os entendidos do SGR chegaram a conclusão de que manter equipes esportivas e programação exclusiva nas principais praças custava muito caro. Para diminuir os custos, juntaram as programações esportivas, fazendo programas que falavam de times do Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas e outros estado para toda a rede. Além disso, juntaram as equipes da Rádio Globo e da CBN em transmissões que passaram a ter dois comentaristas (geralmente um de cada emissora e, em muitos casos, um de cada estado). O resultado? Um fracasso total, que teve que ser desfeito depois de um curto tempo.
Que o futebol em AM precisa ser engraçado, popular e descontraído, ninguém discute, mas que o FM tem outro público e que a CBN já tinha estabelecido um estilo próprio e mais sóbrio, principalmente pela presença (no Rio) de narradores como Evaldo José e comentaristas como Carlos Eduardo Éboli, além de profissionais como Marcos Gyuotti (MG) – dispensado após o fim da Globo MG, outra decisão para lá de desastrada. Mas, voltando ao assunto do parágrafo anterior, após o fracasso da experiência de unificação das equipes esportivas, o tempo passou, a direção do SGR mudou e aí tiveram uma ideia brilhante para diminuir os custos e melhorar a audiência: unificar as equipes de esporte!
O resultado não podia ser outro: fracasso total (de novo). Nem mesmo a iniciativa de trazer globais como os bons Alex Escobar, Juninho Pernambucano e Júnior, pôde superar a rejeição as chegadas de nomes que sempre foram do segundo escalão do rádio AM do Rio e que em nada se encaixam no gosto dos ouvintes de futebol em FM como Luiz Penido e Dé (o Aranha). Prova disso é a surra que a CBN/Globo vem levando dos veteraníssimos, porém ainda competentes José Carlos Araújo, Gérson (o Canhotinha de Ouro), Jota Santiago, Gilson Ricardo e Washington Rodrigues.
Junte-se a má escolha da equipe esportiva (para o FM, deixo claro) com o fim da Globo BH e sua equipe de esportes, e a experiência má sucedida anteriormente e só poderia dar no que está dando. Se há tempo de reverter essa tendência? Não sei.
Sidney Rezende dá drible na CBN
Hoje – 29 de fevereiro de 2018 – o site do jornalista Sidney Rezende estreia um novo projeto que pode sepultar de vez o futebol da CBN. O portal montou uma equipe esportiva que transmitirá ao vivo por web rádio partidas de futebol com, basicamente, a equipe que foi dispensada pela Central Brasileira de Notícias: o jornalista e narrador Evaldo José, o comentarista Antonio Carlos Duarte, o repórter Felipe Santos e o jornalista Robson Aldir.
Provavelmente – apesar da esteeia seja transmitindo um jogo do framengu – essa nova opção vai causar ainda mais estragos na já combalida audiência do SGR e, muito provavelmente, até mesmo na líder Tupi.
Não sei quem escolhe os comandantes do SGR e de onde saem as brilhantes ideias para revitalizar a programação e a equipe (dispensando os melhores e mais experientes profissionais), mas sei que a coisa anda feia faz tempo.