Buddy Guy dá aula de música – Vivo Rio – 11 de maio de 2012

O palco do Vivo Rio já havia testemunhado a melhor apresentação musical de um artista estrangeiro no Rio de Janeiro em 2012, agora, a casa ainda pode se orgulhar de ter sido a responsável pela melhor apresentação do duo artista/instrumento do ano.

Buddy Guy, o mestre do blues, se apresentou na noite desta sexta-feira e mostrou que seus quase 76 anos não fazem diferença na maneira na qual usa e abusa de sua Fender. Ele usou os dedos, palhetas, uma baqueta e até mesmo uma toalha, para mostrar que domina como ninguém a arte de tocar guitarra.

– Dizem que o Rio não tem muita a ver com blues – disse Buddy, para logo em seguida ouvir um “bullshit” vindo da plateia.

Logo na segunda música (Hoochie Coochie Man) ele já havia deixado a sensação de que poderia ir embora com o dever cumprido de deixar um público totalmente satisfeito. Até mesmo a sua apoteótica descida do palco para tocar no meio do povo ficou supérflua após sua perfomance nas primeiras canções do espetáculo.

– Não estou aqui para tocar blues. Estou aqui para tocar o que vocês quiserem. – disse em outro ponto do show. “Play the blues, man“, foi o que se ouviu vindo de um dos camarotes do Vivo Rio.

Como de costume, o setlist foi construído ao sabor do que passava na cabeça do guitarrista. Tivemos Cream (Strange Brew e uma incendiária versão instrumental de Sunshine of Your Love), Willie Dixon (Hoochie Coochie Man e I Just Want to Make Love to You), John Lee Hooker (Boom Boom) e até mesmo uma improvável dos Stones (Miss You).

Brincando com a dinâmica do volume das canções e o andamento das mesmas, Buddy mostrou que qualquer música pode ganhar a sua assinatura, mesmo quando homenageava outros mestres como o falecido Albert King.

Em pouco mais de 1h30, Buddy e sua banda provaram que música realmente eleva os espíritos e que não necessita de efeitos especiais (o palco era de uma simplicidade total e nem ao menos um reles tapete existia para o conforto dos músicos).

Fazia tempo que alguém não esmerilhava sua guitarra como ele e nos fez pensar onde e o que estaria fazendo Jimmy Hendrix nos dias de hoje. Provavelmente algo como Buddy. Tocando o blues!

 

 

 

Fotos: Ag. News

9 Replies to “Buddy Guy dá aula de música – Vivo Rio – 11 de maio de 2012”

  1. Pois é… Eu fiz uma busca com exatas palavras “como foi o show do B.G ontem, no Rio, 11.05.2012” porque tinha um sentimento de que minha impressão ‘tava meio dissonante com toda minha expectativa… Li a opinião do blogueiro e ia só ler mas, como tinha esta caixa de “deixe seu comentário… Vamos la!
    Deixei tudo e todos para partir (600 km de ida, sem volta…) para um show de um histórico do blues/rock. Se fosse algo similar em um culto evangélico, podem ter certeza, eu iria ver JC.
    BG é o cara que começou, ou que pelo menos estava à mesa, na Santa Ceia do som eletrificado!
    Concordo com todo o arroz de festa mas… O cara não tocou 5 musicas inteiras. “Tipo” começo, vai crescendo… estaciona naquele hiperclímax e termina. O show foi muito truncado… Escrevo isto com pesar mas parece que ele hoje, aos 76 anos, está muito mais satisfeito com o vigor físico e mental (um monte de gracinhas, interrompendo musicas) do que realmente orgulhoso com o que ele viu, viveu e criou na musica. O cara tá feliz, podem crer, mas displicente com seu show.
    Para f… com tudo, inventou ao final uma entrega de paletas (de guitarra) por atacado, que desvaneceu seu show. Acho até legal a oferta da palheta. Tem meio um simbolismo… Me parece a entrega da hóstia na celebração do corpo do Rock… mas ele encheu a mão, lembrando aquela tiazinha nas festas de Cosme e Damião… Juntou ao seu redor uma multidão de garoto(a)s que não sabiam o que faziam, só o que queriam. O palco lotou destas crianças atrás de seus “doces” e o show foi terminando assim… Fiquei sabendo porque as luzes se apagaram.
    Depois veio a conta: A dose de “uisque do mississipi” tava por 22 reai s.Isto nao faia parte do show mas me impressionou.
    Desculpem me a voz distonante mas eu nao poderia ler essa opinião sem apontar que apesar de tudo me custar perto de mil reais, ao final fui,vi e… voltaria…. mas

    1. Caro,

      Músicas em ‘pedaços’ são uma característica dos shows dele. Ele sempre faz um pout-pouri de estilos e influências. Já no que se refere ao grande número de palhetas ofertadas, ele deu uma de Roberto Carlos entregando rosas. Ou seja, ‘jogou para a galera’. Aos 75 anos, ele está mesmo querendo se divertir (e tem todo o direito), desde que continue tocando a barbaridade que ele toca.

      Abraços,

  2. Veja bem. Ele não é meu tio contando piadas na sala, depois de um almoço de família… Meu tio, escuto se quero, e não me custa nada. A proposta do show do Buddy Guy é de ser um espetáculo com ingressos no valor de meio salario minimo e que em função dos aspectos geográficos do Brasil, tinha muitas pessoas que num bate e volta viajaram de quinta a segunda para vê-lo. Só acho que uma opinião que, se publicada, pretenda-se esclarecedora, deve mostrar a delicia e também a dor do que foi… Sei que outros lerão e mantenho: Fui, vi e voltaria. Mas que poderia ser bem melhor, na minha opinião sim, poderia .
    Valeu, Fernando!

    1. Eider,

      Eu acho que não podemos projetar nossos desejos para a realidade. Eu adoraria que o Clapton falasse mais nos shows, contasse alguma história, que o Paul McCartney fizesse um show só com canções do Wings e da carreira solo e que o Elton John voltasse a ter aqueles agudos da década de 70 e tocasse mais acelerado. Mas…são apenas desejos.

      Entendo o seu ponto de vista, mas achei um ótimo show.

  3. Ah! Fui eu quem gritei para ele tocar blues… Vai que um engraçadinho mandava um … Play “How great is my love for you”, man!

  4. Não discordaria dos comentários acima; considerando um pouco de cada, voltaria de João Pessoa para revê-lo (SP, ARG). Consegui registrar o show em quase toda a sua totalidade (máquina pequena mas com HDMI), estava ali no mezanino e consegui algumas boas e belas imagens (no momento em que retorna ao palco sob o assédio de fãs); às custas de um surpreendente zoom estive, também, bem perto,sob o encantamento dos “excessos” de BG. E tem mais: de volta à terrinha(João Pessoa) , em casa, repassei o show por completo. Ainda não me excedi…no sábado tudo se repetirá, desta vez, com os amigos. Ab Rodolfo

  5. Amigos, fui ao show em São Paulo e, me perdoe a voz dissonante aí de cima, achei a performance de mr. Buddy e de sua banda a coisa mais fantástica que já assisti. Um festival de clássicos, em meio a mudanças de rumo, improvisações, simpatia, etc. Estou impressionado. Também imaginei como estaria Hendrix se estivesse vivo e me senti como se participasse de um ensaio na garagem dos caras, tamanha e simbiose entre artistas e público. Sem dúvida, um dos 3 melhores shows da minha vida.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *