Paul McCartney leva a sua Disneylândia Musical para o Nordeste – 21/4/2012 – A crítica

Baseando seu show na força de suas canções, o ex-Beatle, que nunca foi um animal político, dispensou mensagens profundas ou protestos. O que McCartney queria (e conseguiu) foi deixar seu público feliz

Nada de mensagens políticas, grandes coreografias, atos teatrais ou afetações de estrela. Paul McCartney iniciou sua passagem pelo Brasil da turnê On the Run neste sábado no Estádio do Arruda, em Recife, com uma apresentação emocionante para o público local, que pela primeira vez teve a oportunidade de ver e ouvir o autor de clássicos como Yesterday.

Paul, que vem ao Brasil pelo terceiro ano consecutivo – esteve em Porto Alegre e São Paulo, em 2010, e no Rio em 2011 – trouxe a sua Disneylândia musical para o público do Nordeste do país. Em mais de 2h30 de uma verdadeira maratona musical foram muitos os momentos nos quais era fácil ver lágrimas saindo dos olhos de avôs, pais e filhos. As mais de 30 canções que McCartney apresentou cobriram as cinco décadas de carreira, com canções dos Wings (seu grupo nos anos 70), da carreira solo e, claro, dos Beatles.

Baseando seu show na força de suas canções, o ex-Beatle, que nunca foi um animal político, dispensou mensagens profundas ou protestos. O que McCartney queria (e conseguiu) foi deixar seu público feliz, cantando praticamente todas as músicas apresentadas.

Se revezando entre baixo, guitarra, violão, piano, ukulele e mandolin, Macca mostrou que aos quase 70 anos – que serão completados em 18 de junho – ainda tem muito para ensinar a várias astros teen e contemporâneos que fazem concertos com menos de 2h de duração, seja por preguiça ou por falta de um bom repertório.

A banda – Rusty Anderson e Brian Ray (guitarras e beixo), Paul “Wix” Wickens (teclados e percussão) e Abe Laboriel Jr (bateria, vocais e dança) – acompanha Paul já faz dez anos e toca, literalmente, por música. Os anos na estrada poderiam tirar a espontaneidade das interpretações, mas em um show do tamanho desse, os espaços para surpresas são sempre escassos, valendo sempre mais a competência dos músicos. Do primeiro acorde de Magucal Mystery Tour até o clássico fim com o medley do disco Abbey Road e a antológica e profética frase “No fim, o amor que você recebe é igual ao que você produziu”* (And in the end, the Love you take is equal to the Love you make), todos os acordes solos e eventuais erros deixam a certeza de que você esteve diante de um ser diferente, genial e ao mesmo tempo humano. Um músico que toca música, sem playbacks.

*Tradução livre

Sol e atraso na abertura dos portões

Porém, nem tudo foi perfeito. Segundo informações não oficiais, Paul, para fugir do sol de Recife, atrasou a saída do hotel, a passagem de som e a abertura dos portões do Arruda, deixando o público impaciente nas longas filas do lado de fora do estádio.

Povo Arretado

Se para quem nunca havia assistido Paul ao vivo a maratona musical era uma grande novidade, quem já havia assistido algum concerto de Macca nos últimos anos foi brindado pela inclusão de canções jamais tocadas no nosso país, como a recente My Valentine – escrita para a atual esposa Nancy e gravada no último trabalho (Kisses on the Bottom) -, The Night Before (do disco Help), Junior’s Farm (compacto de sucesso lançado em 1974 com os Wings) e Maybe I’m Amazed (clássico de seu primeiro disco solo, de 1970, e que inexplicavelmente sempre ficou de fora de seus nove shows anteriores no Brasil).

Simpático, Macca falou várias vezes em português, perguntando se estava “tudo ótimo?”, saudando os “pernambucanos” e dizendo que eram um “povo arretado”. Tudo naquele  sotaque que lembra o papa falando em idiomas que não domina.

Veja o que Paul tocou

Magical Mystery Tour
Junior’s Farm
Jet
Got to Get You into My Life
Sing the Changes
The Night Before
Let Me Roll It
Paperback Writer
The Long and Winding Road
Nineteen Hundred and Eighty-Five
My Valentine
Maybe I’m Amazed
Things We Said Today
And I Love Her
Blackbird
Here Today
Dance Tonight
Mrs. Vandebilt
Eleanor Rigby
Something
Band on the Run
Yellow Submarine
Ob-La-Di, Ob-La-Da
Back in the U.S.S.R.
I’ve Got a Feeling
A Day in the Life / Give Peace a Chance
Let It Be
Live and Let Die
Hey Jude

Bis:

Lady Madonna
Day Tripper
Get Back

 Bis 2:

Yesterday
Helter Skelter
Golden Slumbers
Carry That Weight
The End

Fotos: Marcos Hermes e Pedro Carillo / Divulgação

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