O Van Halen demorou 14 anos para entrar no estúdio – o último disco tinha sido Van Halen III (1998) – e outros 28 para ter David Lee Roth de volta comandando os vocais. Agora, a banda liderada pela guitarra de Eddie Van Halen volta com A Different Kind of Truth (Universal), um trabalho que vai mostrar para a geração que não ouviu a primeira fase do grupo, por que o conjunto se tornou uma lenda do rock. Uma chance de ouro para que uma geração perdida se encontre.
Assim, se o incauto ouvinte fechar os olhos, terá a sensação de que escuta canções de alguns dos discos daquela época. No trabalho há momentos que lembram o tempo de Dance the Night Away, Hot for Teachers e Ain’t Talkin’ ‘bout Love e a versão lançada no Brasil ainda vem com um DVD mostrando alguns ensaios acústicos da banda e como o tempo passou para todos. Os cabelos longos agora são mais ralos, brancos e acompanham rostos enrugados, mas nada que abale a qualidade do som produzido. Fica a certeza de que o tempo passa para todos.
Para asfaltar o presente e repavimentar o passado, Eddie, Alex Van Halen (bateria), David e o novato Wolfgang Van Halen (baixo), filho de Eddie, usaram um expediente inteligente: resgataram canções compostas na década de 70 – 7 das 13 músicas são dessa época (She’s the Woman, Outta Space, Big River, Beats Workin, Tattoo, Honeybabysweetiedoll e Bullethead, além de Blood and Fire, composta em 1984).
Pode ser coincidência, mas fazia tempo que a guitarra de Eddie não soava tão forte e inspirada, desde o lançamento de 1984, quando o vocalista ainda era o Diamond David. Os novos solos esbanjam no uso do wah-wah e da distorção característica do som do Van Halen. Se o encanto vai durar, se ainda há briga entre os membros ou se eles terão inspiração para criar novos e bons riffs/melodias (agora que acabaram as boas demos antigas), ninguém sabe, mas A Different Kind of Truth já se coloca como um dos principais discos do grupo e um dos melhores lançamentos do ano, tendo alcançado o topo das paradas de rock dos Estados Unidos e Inglaterra, além de chegar ao Top 5 em vários outros países do globo.
Recomendado para quem acha que guitarrista de rock deve ter alguma semelhança com músicos como Slash.
Uma versão editada deste texto foi publicada na edição de 11 de abril de 2012 do jornal O Fluminense