Continuando a série de relançamentos remasterizados do catálogo dos Rolling Stones (leia sobre os lançamentos anteriores Sticky Fingers (1971), Goats Head Soup (1973), It’s Only Rock’n’Roll (1974) e Black And Blue (1976), Some Girls, Emotional Rescue, Tatoo You e Undercorver, Dirty Work (1986), Steel Wheels (1991), Voodoo Lounge (1994) e Bridges to Babylon (1997) e Flashpoint), a gravadora Universal desembarca no Brasil a nova versão de Exile On Main ST, álbum lançado em 1972 e que, lá fora, ainda ganhou uma versão de luxo, com um DVD mostrando os bastidores da gravação do disco. Em terras brasilis, a gravadora ST2 – representante da Eagle Roc – lança o documentário Stones In Exile de maneira independente.
Considerado um marco na carreira do grupo, sempre considerei Exile como o símbolo do som sujo do grupo. Desde a primeira vez que ouvi o disco – numa versão em vinil de prensagem nacional – consegui entender porque o disco foi recebido com críticas no máximo razoáveis. Não devia mesmo ser fácil imaginar que qualquer uma daquelas canções pudesse se transformar em um clássico. Mas o que interessa é a nova versão e nela a coisa muda. Para quem já conhecia o disco a diferença é gritante. A nova remasterização melhorou demais a qualidade do som, embora alguns defeitos não pudessem ser consertados devido as estranhas condições nas quais Exile foi gravado. Não pense que vai ouvir a voz de Mick Jagger de forma limpa em todas as faixas. Seria demais. Para os mais novos é a chance de ouvir e julgar se Exile On Main ST merece ou não o posto de um dos discos mais emblemáticos do rock.
A nova versão vem com um ótimo encarte, com detalhes das gravações e 10 canções extras, entre títulos inéditos e outtakes. Tudo no mesmo climão bluseiro – provavelmente influenciados pela presença de Mick Taylor, guitarrista que substituiu Brian Jones e que tinha um currículo ligado ao gênero – das gravações que fazem parte do disco original. A capa segue fielmente a arte do LP, um outro grande ponto para a gravadora.
Exile On Main ST mistura soul, blues, rock e country e várias outras influências. É um disco onde é fácil notar que a situação confusa da banda (em meio a problemas financeiros e o uso pesado de drogas, também pesadas) influenciou todo o processo criativo. Mesmo assim, canções como Tumbling Dice continuam sendo algumas das preferidas da banda e dos fãs. Eu, como muitos, estou redescobrindo o prazer de ouvir o álbum.
Outra grande novidade é o documentário Stones In Exile. Lá fora ele vem junto de uma versão de luxo do CD, enquanto no Brasil é vendido separadamente. O filme mostra, através de imagens de arquivo e entrevistas atuais, a zona criativa feita pelos Stones. Como disse, eles passavam por problemas financeiros e decidiram dos impostos ingleses (Taxman, lembram?). Então, foram para uma antiga casa usada pelos nazistas, na França. O estúdio foi montado num porão úmido e mofado, o que explica muito da sujeira do som produzido lá.
Há registros feitos durante as gravações e muitas fotos de arquivo que ajudam a reconstruir o clima de 1971. Se Keith Richars era o cara, também era claro que o uso de heroína tornava todos o processo de criação e gravação caótico, não deixando que a cozinha formada por Chalie Watts e Bill Wyman era mesmo muito sólida, além da presença dos Stones Invisíveis, Bobby Keys (saxofone), Nicky Hopkins e Ian Stewart (pianos).
Uma surpresa a cada minuto. Vale até mesmo para quem viu a versão que já passou em canais a cabo no Brasil e no exterior.
Minhas canções preferidas do disco? Vou precisar de mais tempo para ouvir tudo novamente muitas e muitas vezes.
PS: As legendas do DVD são em português, de Portugal.