O documentário “Pulsão”, que está disponível no YouTube, cobre fatos desde o impeachment de Dilma Rousseff até a eleição de Jair Bolsonaro
Política, fake news, mídias sociais. Essas são três coisas que, quando mal misturadas, podem causar reações explosivas e consequências que podem demorar muito tempo para começarem a ser sentidas e mais tempo ainda para que possam ser superadas.
O documentário “Pulsão”, dirigido por Di Florentino e com pesquisa e roteiro de Sabrina Demozzi, tenta, em seus 75 minutos, mostrar a força e influência das mídias sociais e sua boa/má utilização nos eventos políticos brasileiros de 2013 até o fim de 2018.
Cuidado com as notícias falsas
Não importa se você prefere a esquerda, a direita ou o centro. Não faz diferença se você é viciado e adepto das redes sociais ou se está no time do que acha que elas só servem para espalhar ódio e intolerância.
— O objetivo do filme é fazer com que as pessoas desconfiem das verdades e dos juízos que lhe são oferecidos diariamente pela imprensa ou pelos amigos nas redes sociais. Narrativas que são aceitas apaixonadamente somente porque, naquele momento, elas se ajustam muito bem à indignação que você está sentido. Quanto maior for a carga de emoção que está te levando a aderir a determinada narrativa, maiores são as chances de você estar sendo enganado. Neste sentido, Pulsão acaba sendo um apelo à racionalidade e a temperança — diz o produtor da obra, Valter Fanini.
“Pulsão” é um filme que transita por vários terrenos, realmente dando margem para que seja feita uma discussão sobre as fake news e sobre a força dos movimentos vindos das mídias sociais.
Em certos momentos alguns vão dizer que ele pende mais para o lado dos pseudo movimentos sociais e contra o bom jornalismo. Infelizmente, essa é a impressão que fica: a de que a mão pesa mais para um lado do que para o outro, o que não ajuda na premissa de promover um debate de ideias e visões de maneira minimamente imparcial.
Destruindo mitos
Se as mobilizações em rede não serão ignoradas, o fracasso de várias delas ao redor do mundo (vide o Brexit) também não poderá ser, assim como o seu (mal) uso por parte de baderneiros sem qualquer ideologia.
Afinal, poucas coisas são tão ridículas quanto dizer que a internet vai democratizar a mídia e a disseminação da (boa) informação.
Outro mito que precisa ser destruído, e que pode ser visto em várias cenas do documentário, é a de que qualquer grupo vai enfrentar uma força policial e não vai receber algum tipo de revide.
Em qualquer lugar do mundo a força policial irá reprimir qualquer ato que promova quebra-quebra.
— Creio que a radicalização abordada no filme trouxe diversos temas à tona e também novas formas de lidar com discursos de ódio, violência e desinformação. Trata-se de uma luta que não vai cessar e, por isso, precisamos entender o funcionamento desse universo — conta Sabrina Demozzi.
No fim das contas, “Pulsão” serve como documento da força das redes sociais e a disseminação de fake news por todos os lados (até mesmo no que você pode ver em um filme ou ler em uma crítica), mas fica longe do objetivo de poder servir como veículo para uma reflexão mais profunda.
“Pulsão” pode ser visto (de graça) pelo YouTube (bit.ly/docpulsao).
Uma versão deste texto foi publicada na Revista Ambrosia.
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