Grupo utiliza a mesma fórmula do excelente Good Times (2016), mas sem o mesmo resultado
Assim como Eric Clapton, que brindou seus fãs com o fantástico Happy Xmas, seu primeiro disco natalino, os Monkees também atiraram na mesma direção com o seu Christmas Party – lançado pela gravadora Rhino e disponível no Brasil (como sempre) apenas nas plataformas de streaming – para conseguir a sua edição em CD clique no link.
Infelizmente, apesar de não ser um disco ruim, fica muito longe da qualidade do lançado por Clapton e do próprio lançamento anterior da banda.
Seguindo a mesma fórmula utilizada em Good Times (e até o mesmo produtor, Adam Schlesinger), o novo trabalho traz canções compostas por grandes nomes do pop especialmente para a banda — Peter Buck (REM), por exemplo — clássicos natalinos, composições próprias e sobras de estúdio, que permitem reviver a voz de Davy Jones.
Mágica em fagulhas
Apesar do ótimo trabalho gráfico e dos clipes bastante interessantes (com visual de histórias em quadrinhos), falta o básico: a magia da música em todas as faixas.
Algumas canções até funcionam bem individualmente, mas fica a sensação de que algo se perdeu na tradução.
A festa natalina dos Monkees até começa bem. As duas primeiras canções — Unwrap You at Christmas e What Would Santa Do — dão a impressão de que ouviremos algo como um Good Times 2, mas o disco não mantém o nível.
Mele Kalikimaka, uma das duas canções de Davy Jones — gravadas originalmente para o seu disco de Natal, lançado nos anos 70, e que ganharam novos arranjos — tem algum charme havaiano, mas não se encaixa muito bem no espírito dos Monkees.
Aliás, somente Micky Dolenz parece ter se comprometido com o projeto. Peter Tork aparece apenas em uma faixa — Angels We Have Heard On High — e Michael Nesmith contribui com vocais em dois clássicos natalinos, sem muito entusiasmo, parece.
O repertório é irregular, mas o resgate de canções como Wonderful Xmastime (de Paul McCartney) mostrou-se uma jogada esperta e de qualidade.
Mais curioso ainda é a escolha da canção Merry Christmas, Baby para fechar o álbum. O blues ganhou um tempero pop, mas que perde para a versão lançada recentemente por Eric Clapton em seu álbum natalino.
Não dá para competir com Clapton quando se fala de blues!
Um grupo singular
Os Monkees foram (e são) mesmo um grupo singular. Os atores/músicos que, em 1967, venderam mais discos que os Beatles e os Rolling Stones juntos no mercado americano, passaram por problemas internos, um bom período de ostracismo e alguns retornos triunfantes.
O sucesso inesperado de Good Times — chegou ao Top 20 da Billboard — e as ótimas críticas recebidas pelos shows que Micky, Mike e Peter realizaram pelos Estados Unidos criaram uma pequena Monkeemania de volta.
Não era difícil prever que a banda (e a Rhino) aproveitaria essa onda para lançar novos produtos.
Christmas Party é uma saída rápida e fácil para manter a chama acessa. Pena que ele esteja disputando mercado com uma série de lançamentos de grandeza maior.
Neste Natal os fãs do rock têm uma série de grandes lançamentos para escolher — Beatles, Elvis, Stones, Eric Clapton, Paul McCartney e Bruce Springsteen, para citar só alguns — e os Monkees podem acabar não sendo uma prioridade.
Um bom Natal
Christmas Party é um disco sem muita unidade. Serve para animar uma festinha de Natal com os amigos e até pode contribuir com uma ou duas faixas em futuras coletâneas da banda, mas está longe de ser memorável.
É como se fosse um Natal daqueles sem presentes caríssimos, mas no qual você sabe que não vai ganhar uma lembrancinha.
Cotação: *** ½