Confira o trailer de ‘Outlaw King’, que estreia em 9 de novembro no serviço de streaming
A Netflix divulgou nesta segunda-feira, 20 de agosto, o primeiro trailer de seu próximo filme de grande orçamento. O blockbuster histórico “Outlaw King” mostrará a ascensão desafiadora do herói escocês Robert The Bruce.
O filme tem um orçamento não confirmado de 100 milhões de libras. “Outlaw King” abrirá o Toronto International Film Festival, em setembro. Dirigido por David McKenzie, estreia na Netflix em 9 de novembro.
A história segue Robert The Bruce em sua jornada de nobre derrotado a herói nacional. Passa-se no século 14, durante a ocupação opressiva da Escócia medieval por Eduardo I da Inglaterra.
O filme mostrará Robert The Bruce se apoderando da coroa escocesa e reunindo partidários para lutar contra o poderoso exército inglês. Foram sete batalhas épicas, sendo as mais conhecidas travadas em Stirling e em Bannockburn, em 1314. Esta última tornou o herói Rei Robert I da Escócia.
Achou essa sinopse um tanto familiar? Pois está certíssimo se o resumo remeteu ao “Coração Valente” (Braveheart) de Mel Gibson.
Parem de odiar Robert The Bruce
Épico arrasa-quarteirão de 1995, “Coração Valente” é a representação do imaginário coletivo quando se fala de Escócia. Produzido, dirigido e estrelado por Mel Gibson, o filme recebeu dez indicações ao Oscar e ganhou em cinco categorias, incluindo melhor filme e melhor direção.
Mas a verdade é que o longa americano é uma grande piada sob o ponto de vista dos escoceses. Pelos erros (MUITOS!) de roteiro e produção, por causa do pífio sotaque escocês de Gibson — que nem chegou perto do autêntico burr escocês, o som rótico do
sotaque das highlands.
Mas, especialmente, pela falta de compromisso com a história do país. Para começo de conversa, o nome do filme já é errado. “Braveheart” era o apelido de Robert The Bruce, e não de Wallace.
Pois é. O verdadeiro “Coração Valente” foi justamente o cara que aparece como um dos vilões do filme — mas o pai de Bruce tinha mesmo lepra e era leal ao trono inglês.
Robert The Bruce nunca traiu William Wallace. Na verdade, sequer esteva na Batalha de Falkirk. Wallace e suas conquistas o incentivaram a continuar lutando pela Escócia. Mas foi a persistência de Robert The Bruce que venceu os ingleses.
Depois de perder seis batalhas seguidas, Bruce teve que fugir e se esconder em uma caverna. Desanimado e abatido, pensou que sua jornada chegara ao fim. Mas sua atenção foi desviada para uma aranha que tentava fazer uma teia no teto na caverna.
A aranha tentava e caía. Tentava e caía, sem nunca desistir. Robert The Bruce observou como, na sétima tentativa, o inseto conseguiu se prender e formar a teia. Robert então decidiu que tentaria até conseguir. O que aconteceu na sétima batalha.
Ok. É uma lenda local. Mas serve para parar de detestar Robert The Bruce, não serve?
Será ‘Outlaw King’ um ‘Braveheart 2’?
“Outlaw King” se concentrará em retratar o ano turbulento em que Robert agarrou a glória, provou a derrota e se tornou um rebelde com uma causa. O roteiro foi escrito por uma equipe que inclui o diretor, Mackenzie, e o renomado dramaturgo escocês
David Harrower.
O escritor é autor da peça “BlackBird”, que esteve em cartaz por aqui em 2017, numa adaptação. Já Mackenzie é mais conhecido pela direção de “Hell or high water” (2016) . Mas se tiver oportunidade, assista aos seus excelentes “Perfect Sense” (2011), com Ewan McGregor e Eva Green, e “Starred up” (2013), com o espetacular (e ainda pouco conhecido) Jack O’Connell.
“Estou muito feliz em mergulhar fundo na história de Robert The Bruce e descobrir algumas das verdades que muitas vezes são obscurecidas pela lenda. [É] uma das grandes histórias de retorno da história”, disse Mckenzie à imprensa escocesa.
Só que eu não estou muito feliz, caro leitor. Não estou…
Vai faltar burr. De novo…
O longa mostra um importante trecho da história da Escócia. Tem escoceses no roteiro e na direção. Conta com escoceses na produção — a pequena produtora de Glasgow, Sigma, com apoio da Creative Scotland, agência de fomento às artes do governo escocês.
As filmagens ocorreram em locais históricos. Mostrará famosos landscapes do país como pano de fundo: Craigmillar, Blackness e Doune, Aviemore, Linlithgow Palace e Glencoe. Incluindo o último local conhecido de descanso dos restos mortais de Robert The Bruce.
Mas e o elenco, senhoras e senhores?
O elenco de apoio é basicamente britânico. Inclui os ingleses Aaron Taylor-Johnson (Animais Noturnos), Florence Pugh (Lady Macbeth), Stephen Dillane (Game of Thrones) e Billy Howle (Na praia Chesil). Os escoceses que aparecem nos créditos são Tony Curran, como Angus MacDonald, e James Cosmo no papel de Robert The Bruce pai, o 6th Lord of Annandale.
Curran recentemente desempenhou um papel crucial em outro filme da Netflix feito pela Escócia, Calibre. E Cosmo é conhecido pelas participações em filmes como Highlander, Braveheart, Trainspotting, Troy, The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe, Ben-Hur and Wonder Woman e séries da TV, como em Sons of Anarchy e Game of Thrones (como Jeor Mormont).
No papel principal… um americano.
Na tentativa de atrair um público americano forte, a produção peca e se prostitui ao escalar o protagonista. O ator de Hollywood Chris Pine (Star Trek, Wonder Woman) dará vida a Robert The Bruce, em vez um escocês legítimo assumir o papel. Pine já foi dirigido por Mackenzie, em “Hell or high water”.
Enfim, é esperar para ver.