Hoje é dia de Oscar e a cerimônia, que para mim nunca foi muito justa, vide a quantidade de filmes, atores, atrizes, diretores e até músicas que foram premiados e que não são lembrados, enquanto vários que não receberam a estatueta ficaram imortalizados.
A entrega desta noite parece, infelizmente, que vai estar impregnada do vírus do bomoçismo (sic). Se antes, para ser reconhecido um ator precisava do talento e a estatura de um Sidney Poitier ou um Denzel Washington, agora, parece que o simples fato de ser negro já vale como credencial para ser indicado. O mesmo vale para as mulheres. Não importa a competência ou a qualidade do trabalho realizado. Se é mulher deveria ser indicada e se não ganhar teremos comentários sobre a derrota feminina.
Essa tendência não é exclusividade da Festa do Cinema. Vivendo a atual onda de violência que assola o Rio de Janeiro (estado e cidade) fico impressionado como qualquer morte deixa de ser consequência do estúpido estado de desgoverno e impunidade e precisa obrigatoriamente ser enquadrada em alguma categoria. Sendo assim, uma vítima de bala perdida sempre acaba sendo classificada como negra, pobre, gay ou mulher. Sei que existe preconceito e ódio, mas não creio que balas tenham esses sentimentos.
Não há dúvidas de que sempre houve seres humanos com instintos nada bons. A KKK não existe por acaso, os alemães e poloneses (sim, não há lei que vá tirar a parte deles da responsabilidade pelo Holocausto), lembrando que entre eles (alemães e poloneses) também havia judeus (ninguém era inocente), mas a humanidade nunca viveu um momento tão absurdo como hoje.
As minorias merecem ter seus direitos reconhecidos, mas não creio que cotas ou premiações dadas pelo simples fato de alguém ter uma religião, cor ou sexo, deva servir de requisito para nada. Parece um tipo de preconceito das minorias.
Um bom exemplo disso é o filme Pantera Negra, que conta história de um super-herói que é o rei de um país africano. Não paro de ler elogios aos produtores por finalmente realizarem um longa com um super-herói negro. Gente, ele foi criado muitas décadas atrás e, imaginem só, a maioria dos atores é negra! Uau! Peraí, é um país africano, não é mesmo? Então, a lógica é termos atores negros, certo? Esse tipo de elogio me parece tão sem sentido quanto encontrar hordas de guerreiros negões em Asgard. Você até encontra um ou outro, mas é isso: um ou outro. Quanto ao pessoal técnico que trabalhou no filme, a extensa presença de pessoas negras me parece apenas uma decisão oportunista. #prontofalei
Sonho com o dia que tenhamos uma distribuição de renda que permita não termos programas como o Bolsa Família ou Minha Casa, Minha Vida. Sonho com o dia que tenhamos uma educação decente que não necessite de nenhum esquema de cotas para que as pessoas que alguém seja admitido na faculdade e sonho com o dia no qual possamos voltar a viver sem sermos obrigados a conviver como se tudo o que acontece fosse em razão de algum preconceito. Muitas vezes as coisas acontecem porque têm que acontecer.
Bom Oscar para todos.
PS: Acredito que todos temos preconceitos – em maior ou menor escala – o que não gosto é de saber que há gente sendo reprimida por algum desses preconceitos, venham eles das maiorias ou das minorias.
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