O brasileiro é orgulhoso e não admite que ninguém de fora fale mal do país. odos nós somos realmente mais ou menos assim. Reclamamos, criticamos e malhamos, mas não aceitamos muito bem quando as críticas vêm do exterior. Pouco mais de uma semana atrás o jornal britânico The Guardian publicou uma matéria/artigo onde pintava um futuro incerto para a Copa do Mundo, por conta dos atrasos, protestos e mortes durante as obras nos estádios. Porém, o pior mesmo foi ler que “promover a Copa do Mundo pretendia mostrar que a vez do Brasil – uma terra há muito condenada a ser “o país do futuro – e que sempre será” – teria chegado, mas não chegou.
Os superfaturamentos das obras, os atrasos incompreensíveis, as rusgas com a Fifa, a desconfiança na qualidade das construções, o maciço uso de verbas públicas e a comprovada incapacidade da polícia em lidar com baderneiros que se travestem de manifestantes, causa ceticismo aos britânicos. O amor pelos brasileiros e pelo jeito brasileiro de ser também fica nítido, mas não é suficiente para amenizar as críticas.
Assim como aconteceu com a África do Sul, o olhar do The Guardian é cético em relação aos estádios, que poderão (e alguns vão mesmo) virar elefantes brancos. Além disso, a violência nas cidades sede, especialmente o Rio, assusta. E nem precisamos citar o trânsito e a tão falada mobilidade urbana, que são pontos absolutamente indefensáveis, mesmo para o mais patriota dos brasileiros.
Da mesma forma que eu, o jornal também acredita que ainda há tempo para que a Copa seja um sucesso, mas que adverte que essa possibilidade é cada vez menos.
As lições de Sochi
Com o término das Olimpíadas de Inverno na cidade de Sochi, na Rússia, ficou claro que, com rios de dinheiro público, é possível realizar um evento desse porte mesmo que a cidade esteja mais para balneário do que para estação de esqui. Os problemas enfrentados por lá se parecem muito com os daqui e podem servir como parâmetro para que as autoridades responsáveis pelos jogos do Rio de Janeiro evitem a enxurrada de críticas pela qual passaram os russos.
Ainda dá tempo para rever a utilização de alguns equipamentos e o esquema de trabalho, principalmente no quesito propaganda e divulgação de notícias. Geralmente um evento desse porte, raro nesse hemisfério, acaba trazendo uma certa soberba, que pode se amplificar, dependendo do ego de cada um dos envolvidos.
Só resta aos brasileiros – e principalmente aos cariocas – torcer para que tudo dê certo e que algo de bom (em termos de infraestrutura) fique como legado de toda essa maravilhosa oportunidade de mostrar o Brasil para todo o mundo.