A pergunta passeia pela minha cabeça desde a vitória da Seleção Brasileira sobre a Espanha na final da Copa das Confederações. O futebol brasileiro é o daquele dia, com estádio cheio e ingressos caros, com jovens jogadores como Bernard comendo a bola ou é o de estádios com meia (ou menos capacidade) e veteranos como Juninho Pernambucano, Seedorf e Alex dando as cartas?
A recente excursão do São Paulo e o amistoso do Santos contra o Barcelona, só serviram para aumentar as dúvidas. As derrotas do São Paulo para Milan e Bayern foram indiscutíveis e a surra (8 a 0) que o Santos levou foi vergonhosa. Estamos tão atrasados taticamente e tão mal tecnicamente assim? Nem parece o mesmo jogo.
Domesticamente, vivemos um momento dos mais estranhos. Times bons e pseudo times grandes lutando na zona de rebaixamento e alguns comemorando não estarem nela. Como disse Paulo Autuori no seu calvário são-paulino, não se deve comemorar empates, carrinhos e, diria eu, ficar de fora do Z4. É ridículo.
No quesito estádios, uma busca por um valor que faça com que o torcedor compareça aos jogos. Infelizmente, os administradores dos novos estádios parecem preferir lugares vazios do que baixar os preços. No caso específico do Rio, ainda temos que lidar com gratuidades em excesso, o que faz com que sempre tenhamos muitos milhares de torcedores entrando de graça, sem falar na meia entrada, esse câncer, muito mais que um benefício, já que prejudica muita gente para beneficiar apenas alguns, muitos deles trambiqueiros.
A compra de ingressos é outra demonstração de que o Século XX não nos deixou ainda. Embora possamos comprar pela internet, que mesmo com todos os seus problemas, evita filas, nossos cartolas conseguem exigir que os torcedores precisem trocar a compra feita online por um ingresso físico, criando novas e inexplicáveis filas nos estádios. Isso é tão bizarro, que até mesmo um programa de fidelidade de um posto de gasolina consegue vender e entregar o ingresso na casa do cliente, de maneira mais eficiente do que a de quem tem essa obrigação.
A encruzilhada na qual nos encontramos é de difícil escolha. Temos a oportunidade de criar novos torcedores, melhorar a qualidade dos espetáculos (seja pelo conforto nos estádios, seja pela capacidade de contratar bons jogadores), mas lutamos contra cartolas míopes, que pagam salários fora do mundo para pernas de pau e alguns treinadores, e federações e uma CBF que parecem não ter a menos noção de como organizar campeonatos atraentes. Lembro do tempo no qual os jogos no Maracanã eram sempre às 17h – ok, 16h nem é tão mal -, mas jogos 19h30 e 22h é dose pra elefante. Como ir em São Januário, por exemplo, e sair de lá meia-noite? O mesmo vale para o Pacaembu, o Mineirão e muito outros estádios espalhados pelo País. É querer que vejam pela TV ao invés de ir in loco. Isso, sem contar com a impunidade para os marginais que se dizem torcedores organizados. Torcedor de verdade não se organiza, torce. Faz amizades na hora, se abraça na alegria do gol e xinga junto a mãe do juiz e do técnico.
Enfim, qual o verdadeiro futebol brasileiro?