Segundo o Google, democracias ocidentais, que não são tipicamente associadas a censuras, têm solicitado a gigante que exclua alguns vídeos políticos, posts em blogs e outros conteúdos. A empresa também disse que, no passado, já havia sido solicitada para derrubar discursos políticos em muitos países.
Os Estados Unidos seguem no topo da lista, com 6321 pedidos, dos quais 93% foram totalmente ou parcialmente cumpridos. A Índia ficou em segundo, com mais de 2.000 pedidos, 66% cumpridos pelo Google.
O Brasil aparece em terceiro lugar na lista, com 1.615 solicitações, das quais 90% foram total ou parcialmente atendidas. Alguns dos pedidos dos EUA estavam em nome de outros governos.
“Isso é alarmante, não apenas pelo fato de colocar a liberdade de expressão em risco, mas também porque algumas dessas solicitações vieram de países que você dificilmente suspeitaria – democracias ocidentais que não são tipicamente associadas à censura”, disse a analista de políticas sênior do Google, Dorothy Chou, em um post no blog oficial.
A Google recebeu, por exemplo, uma solicitação do Escritório de Emissão de Passaportes do Canadá pedindo para que removessem um vídeo do Youtube em que um cidadão canadense aparece urinando em seu passaporte e jogando-o descarga abaixo. “Nós não cumprimos com esse pedido”, disse a Google.
Reguladores espanhois pediram ao Google, na metade no ano passado, que removesse 270 resultados que levavam a blogs e artigos de jornais que se referiam a indivíduos e figuras públicas, incluindo prefeitos e promotores. “Na Polônia, recebemos uma solicitação de uma instituição pública que dizia para removermos links de um site que a criticava”, disse Chou. A empresa afirmou que não cumpriu com nenhuma dessas solicitações.
O relatório da política de transparência do Google mostrou também que os pedidos feitos pelo governo dos Estados Unidos tiveram um aumento de 103% da metade do ano passado até o primeiro semestre deste ano.
Nos Estados Unidos, uma das solicitações que a gigante recebeu foi de uma agência local de aplicação da lei que pedia para que fossem removidos 1400 vídeos do Youtube que supostamente apresentavam assédio, mas a Google não cumpriu. A companhia também recebeu uma ordem judicial solicitando a derrubada de 218 resultados de buscas que levavam a sites de conteúdo supostamente difamatório. Apenas 25% dos resultados citados foram removidos.
Mas a Google chegou a cumprir algumas solicitações de governos como da Tailândia, que pediu a retirada de 149 vídeos do Youtube que supostamente insultavam a monarquia do país, considerado crime por lá. “Nós restringimos 70% desses vídeos na Tailândia, em conformidade com a lei local”, o relatório mostrou. Em seguida, uma solicitação vinda da Associação da Polícia do Reino Unido, a Google encerrou 5 contas de usuários do Youtube – que supostamente faziam apologia ao terrorismo -, alegando violação das leis do site. Foram removidos cerca de 640 vídeos.
Mundialmente, a Google disse que recebeu mais de 467 ordens judiciais, totalizando mais de 7000 itens entre julho e dezembro de 2011. A gigante também recebeu 561 solicitações, inclusive da polícia, que alcançou a marca de 5000 itens no segundo semestre daquele ano.
Outros países que são conhecidos pelas suas diferenças com o Google sobre conteúdo on-line continuam exigindo a remoção de tal conteúdo. Na Índia, por exemplo, o número de pedidos de remoção de conteúdo por parte do governo cresceu 49% comparado com o relatório do ano anterior.
A Google, juntamente com algumas outras empresas de Internet, enfrenta ações judiciais na Índia por conta de conteúdo considerado censurável em seus sites. A questão-chave na disputa é saber se um intermediário pode ser responsabilizado pelo conteúdo de terceiros em seus sites.
Fonte: IDG Now!