São poucas as histórias de um baterista que se transforma em guitarrista, band leader ou artista solo de sucesso. Phil Collins e Lobão são exemplos raros de artistas que começaram segurando as baquetas e o ritmo de uma banda e se sobressaíram como nomes de destaque no cenário musical. Dave Grohl é uma dessas raras figuras e o livro Dave Grohl – Nada a Perder (Edições Ideal), escrito por Michael Heatley, que já escreveu mais de 30 biografias de artistas do porte de John Lennon e Deep Purple, conta toda a vida do músico.
Quem pensa que tudo começou com o encontro com Kurt Cobain e sua entrada no Nirvana ou que seus recentes trabalhos e aparições ao lado de gente como Paul McCartney, David Bowie e Garbage são o ápice de sua carreira, está enganado. Ainda há muito para acontecer, mas é importante entender as razões e circunstâncias que levaram David a ter o reconhecimento e respeito que desfruta nos dias de hoje.
O livro traça, em ordem cronológica, a trajetória do garoto nascido em Springfield, na Virgínia – nenhuma relação com os Simpsons -, passando por todas as suas aventuras e tentativas musicais até chegar ao estrelato. Um dos destaques da publicação é a ampla e cuidadosa discografia e videografia, que registram desde a primeira fita cassete que gravou até o mais recente disco do Foo Fighthers, Wasting Light, lançado em 2011.
Mas o livro não fica apenas nos momentos felizes e inspirados de Grohl. Por não ser uma biografia autorizada, Heatley também conta histórias curiosas e algumas boas polêmicas criadas pelo músico. Além disso, o livro está recheado de depoimentos de gente muito importante sobre o talento e as habilidades do roqueiro. Outro ponto positivo é a divisão de espaço entre os vários momentos da vida de Grohl. Diferente de outros livros, Nada a Perder não fica centrado no período com o Nirvana. Assim como na vida real, essa fase ganha um espaço editorial condizente com o tempo que Grohl esteve na banda, meros três anos e meio.
Pode ser que David Grohl ainda não tenha a importância histórica de um Ringo Starr, Don Henley ou Levon Helm, bateristas que marcaram época em bandas como Eagles, The Band e The Beatles, mas fica claro que sua trajetória ainda vai ter muitos capítulos e que ele ainda pode evoluir e produzir muito mais.