Um Tom Jones gospel
Dono de uma das vozes mais poderosas e únicas do pop. Tom Jones é daqueles artistas que, gostando ou não do seu trabalho, temos que respeitar. O hoje setentão, já foi uma espécie de Elvis, baladeiro com toques bregas e até astro de canções dançantes. Um verdadeiro camaleão (apelido que lhe cairia melhor do que em muitos artistas que o recebem). Seu novo trabalho – Praise & Blame (Universal) – é mais uma dessas reviravoltas musicais. Embora também tenha riffs de guitarras e rockabillies, é calcado em canções com o espírito gospel, dando destaque a sua – ainda potente – voz.
Praise & Blame, o 36º álbum da carreira de Jones, vem depois do ótimo 24 Hours (2008), onde interpretava canções de gente como Bruce Springsteen e da dupla Bono/The Edge, e não segura a onda. Com arranjos mais simples, Tom Jones desfila canções de Bod Dylan (What Good Am I?) e John Lee Hooker (Burning Hell), mas sem conseguir alcançar o mesmo padrão. Com registros de voz diferentes em cada uma das faixas, os produtores acabaram conseguindo um resultado pouco coeso e sem muita emoção.
– Nós quisemos voltar as raízes. Sou apenas eu cantando com uma sessão rítmica, sem overdubs ou truques. Sem metais ou arranjos de cordas, apenas as canções gravadas de uma só vez, para acpturar o sentido de cada canção.
Apesar de não alcançar totalmente o objetivo, Praise & Blame ainda é melhor que muita coisa lançada por ai e alcançou o 2º lugar nas paradas britânicas. Aos 70, Tom Jones ainda mostra disposição para mudar e se manter atual.