Na era das notícias online, jornalistas estão sofrendo de exaustão

O New York Times observa esta semana que os jornalistas estão sofrendo cada vez mais cedo de fadiga e exaustão. Enquanto nos jornais impressos a adrenalina se concentrava na hora do fechamento, os jovens repórteres das redações online produzem o dia inteiro numa velocidade frenética.

A matéria cita o exemplo do site Politico, muito influente na política de Washington: repórteres extenuados costumam encontrar e-mails enviados de madrugada pelos seus chefes, reclamando de matérias que saíram só na concorrência. Novos tipos de cobrança aumentam a tensão. Na redação da Gawker em Manhattan, uma televisão mostra as matérias mais lidas em tempo real, com o nome do autor e o número de vezes que a página foi acessada. O resultado desse ambiente é um alto índice de rotatividade em algumas redações.

Duy Linh Tu, coordenadora do programa de mídia digital da Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia, afirmou ao NYT que está preocupada com o “burnout”: “Quando meus alunos aparecem para uma visita, eles carregam a exaustão de uma pessoa que vem trabalhando há uma década, não um par de anos.”

Talvez outro motivo da fadiga seja o tipo de notícias que muitos repórteres são obrigados a buscar para preencher as necessidades do ambiente digital. Ao invés de bater perna em busca de uma boa história, aponta o NYT, eles ficam na frente do computador procurando qualquer coisa que possa impressionar os algoritmos do Google e chamar a atenção do leitor.

Volta e meia, esse clima de descontentamento se reflete em sátiras na internet. A revista de humor americana The Onion publicou um texto ironizando, do ponto de vista de um repórter, a cobertura das novas ferramentas digitais. O título diz: “Novo site de rede social muda a forma em que Oh, Jesus, esquece – deixe alguém mais escrever sobre essa droga”. No blog “Salvar um Jornalista”, um ex-repórter espanhol criou depoimentos fictícios sobre os problemas nas redações e uma página de denúncias.

O site Editorsweblog argumenta que, se os jornais querem sobreviver, eles devem sim acompanhar o ritmo das notícias, mas também cuidar bem de seus funcionários. E cita uma pesquisa do Pew Research Center: 20% dos editores nos EUA acham que as redações estão pequenas demais para produzir além do mínimo necessário.

Do blog Jornalismo nas Américas

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