A MPB tem seus altos e baixos, as celebridades se destacam (na grande maioria das vezes) por razões muito menos nobres que talento e educação e o público vai engolindo essas pessoas, utilizadas por meios de comunicação para vender e vender, como se fossem Cultura, assim, com C Maiúsculo.
Ao reiniciar sua temporada com o show baseado no CD/DVD Acústico MTV (2006), Paulinho da Viola mostrou que sangue azul não é mesmo para qualquer um e que, infelizmente, música de qualidade e talento nem sempre são suficientes para vender um espetáculo.
Apesar do show ser uma espécie de O Melhor de, como é a filosofia dos acústicos, e da cada estar praticamente lotada, um bom sinal para quem iniciava uma temporada de seis datas, algo quase impensável nos dias de hoje, Paulinho chegou a lamentar que não conseguiu levar seu show para muitos lugares “levei para alguns lugares, mas menos do que gostaria”, disse. Gente, Paulinho não passa por São Paulo desde 2006! Pode isso?
Pequenas modificações
O espetáculo é praticamente o mesmo apresentado anos atrás no Morro da Urca e no próprio Canecão, com pequenas modificações e entremeado com deliciosas histórias, contadas entre uma canção e outra ou nos intervalos para afinação do violão. Sempre com sua voz e imagem serena, Paulino vai desfilando clássicos onde o formato acústico não atrapalha, afinal Paulinho da Viola sempre foi acústico.
A elegância do compositor se mistura com a do intérprete e do parceiro, que fez questão de não privilegiar nenhum deles, cantando apenas uma música feita com cada. Brilhante. Outro ponto positivo é o resgate do bis na sua essência. Ao fim do show, Paulinho retorna e toca canções que já tinha apresentado. Simples assim.
Fora isso, o Príncipe da Elegância do samba mostrou um repertório onde fica difícil destacar alguma canção. Se Foi um Rio que Passou em Minha Vida, Sinal Fechado e Argumento podem ser cantaroladas por qualquer mortal, o que dizer de Coisas do mundo, Minha Nega e Coração Leviano, que deveriam ser conhecidos por todos os mortais com bom gosto? São composições que precisariam estar no currículo escolar dos colégios do 1º grau (ou seja lá como se chama hoje).
Paulinho da Viola fica em cartaz até domingo (19/7) e quem puder ir não deve perder a oportunidade. Até mesmo no preço dos ingressos (entre R$ 60 e R$ 140) o nobre artista nos brinda com seu talento e generosidade.
PS: E dizem que eu não gosto de samba!
Fotos: Ag. News