A tarde era nublada. Cinzenta, cheia de névoa. As pessoas seguiam em hordas sem rumo, vagando pelas ruas, atravessando os sinais sem aparentar muita atenção. Carros enfumaçados trafegam pelo asfalto e pedras. Rio, Nova York? Não sei.
Sigo a fluxo dos corpos em roupas em tons pastéis, sem ter a menor noção para onde estou indo. Não há som, não há fones de ouvido. As bocas parecem costuradas, como em um filme onde o diabo está envolvido.
Como líquido em direção a um funil, todos parecem se encaminhar para a entrada de um metrô ou aeroporto – tudo é muito parecido. De repente, todos voltam, causando uma confusão. A entrada era na saída! Lá dentro, corredores largos, paredes brancas – lembrando uma bienal – e pequenas janelas, como aquelas de cidades do nordeste, onde há vento e areia demais.
A caminhada continua. Os passos parecem mais lentos, guardas-chuva passam por mim, pretos, contrastando com o branco das paredes. Olho por uma das janelas, vejo estudantes sentados em suas carteiras. Preparo meu caderno, entro e reconheço apenas um rosto: o dela! Choque, pânico. ‘O que ela estaria fazendo ali?’, pensei. Virei de costas, abri a porta e tentei sair sem ser notado. Não sei se consegui .
Procuro a multidão, querendo me misturar. Encontro apenas poucas e coloridas pessoas, silenciosas em seus sorrisos cruéis. Não pretendo destruir barragens, me enfiar no mato ou me jogar da laje, Queria apenas encontrar a multidão perdida e me enfiar nela.