Bruno Gouveia e Biquini Cavadão têm história contada em livro

“É impossível esquecer o que vivi”, de Bruno Gouveia, vocalista da banda, conta causos e coloca em perspectiva a cena do rock brasileiro nos anos 80

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O rock brasileiro parece estar dando mostras de uma vitalidade que parecia perdida. São vários os lançamentos de discos e obras que resgatam a força e importância do gênero. Um dos grupos de maior sucesso dos anos 80, o Biquini Cavadão, é alvo de uma biografia escrita pelo seu vocalista e fundador, Bruno Gouveia.

É impossível esquecer o que vivi” (Chiado Books) conta da infância, passando pelo início despretensioso da banda até o seu sucesso.

— A ideia do livro já existia há algum tempo, mas começou a tomar forma quando da celebração de 30 anos da banda, em 2015. Comecei escrevendo algumas ideias em 2014, disposto a achar um biógrafo pra banda, mas achei o resultado interessante e transformei a ideia numa autobiografia — nos contou Bruno.

“Já gostava muito dos Beatles, mas minha banda favorita nesta época passou a ser o Queen. Freddie Mercury tinha, sem sombra de dúvida, a melhor voz que eu tinha ouvido cantar numa banda. Colecionei todos os seus lançamentos, me tornei membro do fã clube internacional, com direito a carteirinha”

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Autobiografia cheia de modernidade

Um dos destaques do livro é a utilização de QRcodes*. Os códigos acrescentam fotos, canções e vídeos ao conteúdo da publicação. O recurso enriquece uma história escrita com muito bom humor e sem reservas.

— O uso dos QRcodes foi algo muito natural, pois sempre me envolvi com tecnologia. Achava pequeno o número de páginas com fotos nas autobiografias que lia. O QRcode pôde redirecionar o leitor para um site com fotos, áudios, textos e vídeos. O celular passou a ser assim um companheiro indispensável pra leitura do livro — conta Bruno.

Com uma carreira de mais de 30 anos e milhões de álbuns vendidos, Bruno e o Biquini Cavadão — formado também por Carlos Coelho (guitarra), Miguel Flores da Cunha (teclados) e Álvaro “Birita” Lopes (bateria) — estiveram no olho do furacão dos anos 80 e sofreram com as mudanças no show bizz e na indústria fonográfica, que fez com que muitos artistas ficassem perdidos.

“Para nós, ficou claro que subir ao palco era muito bom. Gostamos daquele estrelato. E logo pensávamos em tocar de novo. Andávamos pelo colégio e agora nós éramos “aqueles que tocaram aquela música que estourou no Sarau””

Bruno Gouveia

Para ler e guardar

Assim como o futebol, o rock brasileiro é um assunto que ainda tem muito espaço para ser explorado. “É impossível esquecer o que vivi” entra para a lista dos livros que funcionam tanto como uma história, quanto como documento de uma era.

Apesar de não ser pequeno — tem 454 páginas — a leitura é fácil. As histórias são envolventes e, para quem gosta de autobiografias, uma boa surpresa. Nele, não parece ter havido nenhum pudor nos episódios relatados.

— Comecei escrevendo sem me preocupar com pudores. Depois, fiz um filtro das mais relevantes para a leitura, independente se aquilo nos expunha ou não. No caso do Biquini Cavadão, eles me ajudaram bastante e não se opuseram as histórias contadas — revelou o autor.

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Muitos sucessos

É improvável, mas se alguém não conhece algum dos hits do Biquini — “Tédio”, “Timidez”, “Vento Ventania”, “Ida e Volta, “Zé Ninguém“ e “Janaína”, para citar alguns — faixas do seu último trabalho, Ilustre Guerreiro, onde fazem releituras de canções do amigo Herbert Vianna ou o rock da década de 80, é preciso que pare um instante para ouvir as playlists abaixo, uma delas criada especialmente pra acompanhar o livro.

Entradas curtinhas

O livro, que em alguns momentos tem o climão de um diário, com entradas enxutas e diretas, é delicioso. Gouveia foi certeiro em decidir por uma linguagem leve, apropriada para a época na qual vivemos.

Quem gosta de música e viveu (ou não) a década de 80 (até os dias de hoje), “É impossível esquecer o que vivi” é leitura obrigatória. Uma bela obra que registra a trajetória de uma das figuras mais importantes do nosso rock e a sua jornada com o Biquini Cavadão.

Afinal, o rock ainda tem vez, certo?

Como vê o cenário musical brasileiro atual? O rock ainda tem vez?

— Teve, tem e terá. Basta apenas o interesse do público . Muita gente está fazendo ótimos trabalhos, independente do foco dos holofotes do modismo — arremata Bruno.

Serviço

É impossível esquecer o que vivi

Autores: Bruno Gouveia
Número de páginas: 454
Preço de capa: R$50,00

*QRcode (sigla do inglês Quick Response, resposta rápida em português) é um código de barras bidimensional que pode ser facilmente escaneado usando a maioria dos telefones celulares equipados com câmera.

Uma versão deste texto também foi publicada na Revista Ambrosia

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