Recentemente publiquei um texto onde Andy Rubin, o “pai do Android”, afirmava que o futuro não está no mobile. O dado sobre a queda nas vendas de smartphones pode até ser uma confirmação dessa previsão, mas fica a pergunta: para onde vai o futuro? Será que só Doc. Brown pode responder isso?
Particularmente acho que a diminuição do número de smartphones vendidos é uma coisa natural. Assim como acontece com todos os setores, depois de um boom prolongado de consumo é previsível que haja um desaquecimento do mercado. O que será que acham os ““”gurus digitais””” (aspas triplas)?
O mercado brasileiro de smartphones encolheu no segundo trimestre do ano, conforme dados da empresa de pesquisa de mercado IDC Brasil. O setor registrou queda de 13% em unidades vendidas em relação ao mesmo período de 2014. Entre abril e junho, o setor comercializou 11,3 milhões de unidades. O crescimento visto no período de janeiro a março, quando as vendas aumentaram 33% em relação a um ano antes, não deve se repetir este ano. Para a consultoria, o cenário é desfavorável, e as vendas devem continuar em queda.
No segmento de feature phones, a queda é ainda mais acentuada, motivada em maior parcela pela migração da base de usuários para os smarpthones. O levantamento mostra que a venda dos aparelhos simples, que apenas fazem chamadas e trocam mensagens SMS ou MMS, caiu 78% no segundo trimestre, em relação ao segundo trimestre de 2014. Foram 936.725 aparelhos do tipo comercializados no período.
“Os problemas na economia, a inflação acima de 9%, a taxa de desemprego crescente e o índice de confiança do consumidor, que está em um patamar pior do que durante a crise de 2009, são os fatores responsáveis pelo mau desempenho. O cenário piora a cada mês e acredito que não haverá recuperação breve”, afirma Leonardo Munin, analista de pesquisas da IDC Brasil.
Apesar das dificuldades, as empresas estão conseguindo evitar que o faturamento caia na mesma proporção. Segundo o analista, houve queda de apenas 7% na receita. “Isso mostra que o consumidor brasileiro não está mais tão sensível aos preços e compra produtos mais caros também. As fabricantes estão investindo e colocando aparelhos cada vez melhores no mercado”, lembra. O ticket médio dos aparelhos aumentou R$ 78. Passou de R$ 789 (primeiro trimestre) para R$ 867 (segundo trimestre). Ele ressalta, no entanto, que os smartphones mais caros têm um ciclo de vida maior, o que também impacta o resultado das vendas futuras.
O estudo revela, ainda, que os dispositivos começam a “encalhar” nas lojas. O estoque em toda a cadeia de produção, seja de insumos ou de aparelhos prontos, nunca foi tão grande como no segundo trimestre deste ano. “A alta do dólar obrigou o mercado a adiantar as compras para fugir do repasse de preços. Agora, para o mercado girar, fabricantes, canal e varejo tiveram que usar estratégias agressivas de preço para comercializar os produtos. Não há uma referência de valores aplicados e muitas empresas fizeram verdadeiras loucuras para conseguir cumprir suas metas”, analisa.
As operadoras têm tido papel fundamental para fazer o setor girar. São elas que estão identificando os consumidores dispostos a fazer um upgrade.”Elas observam em seus bancos de dados os usuários que adquiriram smartphones há algum tempo e propõem atualização. Se não houvesse essa movimentação, a queda no volume de vendas seria ainda maior”, diz Munin.
De acordo com o estudo, o cenário para o restante do ano não deve ser diferente. Apenas a Black Friday e o Natal podem dar algum fôlego ao mercado. Se o dólar continuar alto, um novo repasse de preços pode acontecer nos próximos meses. A expectativa da IDC Brasil é de que 50 milhões de smartphones sejam vendidos até o fim de 2015, número que é 8% menor do que o volume comercializado em 2014. Já o mercado total, somando feature e smartphone, deve cair 24%.
A pesquisa mostra, também, que os phablets, aparelhos com telas acima de 5.5 polegadas, corresponderam a apenas 3% das vendas. Os dispositivos com tela de 5 a 5,5 polegadas representam a maior fatia do mercado de smartphones. Já o interesse pelo 4G aumentou: 34% dos aparelhos vendidos no segundo trimestre têm tecnologia, o que deve pressionar a rede das operadoras em banda larga móvel.
Fonte: Tele Síntese