Não há muitos dados sobre a relevância econômica da internet no Brasil, mas uma pesquisa inédita da Associação Brasileira de Internet (Abranet), cujos resultados foram antecipados ao Valor, mostra que o setor já ganhou um peso maior que o de muitas áreas tradicionais.
Em 2014, a receita das mais de 139,7 mil empresas de internet ultrapassou R$ 144 bilhões, com crescimento de 12,5% na comparação com 2013. O setor representou 1,74% da receita de R$ 8,28 trilhões obtida por todas as empresas brasileiras no ano passado. É mais que setores como alimentação fora de casa (1,13%), educação (1,03%), produtos têxteis (0,71%) e transporte aéreo (0,44%).
Essa fotografia também mostra que a maior parte dos negócios de internet no país (42%) tem receita de até R$ 360 mil. O crescimento nesse segmento foi de 7,9%, influenciado pela abertura de empresas iniciantes.
Ao todo, as companhias de internet empregaram 370,5 mil pessoas, um incremento de 7,6% em 12 meses. Em média, os trabalhadores do setor receberam salário anual de R$ 40,3 mil, alta de 13,3% um ganho real de quase 7%. “É um setor importante e que tem crescido”, disse Eduardo Parajo, presidente do conselho executivo da Abranet.
Os números vão ajudar a associação a dialogar com o governo para definir políticas para o setor. Entre elas, Parajo ressalta a manutenção da desoneração da folha de pagamento concedida em 2012 e que está sob revisão por conta do ajuste fiscal e unificação do PIS e do Cofins. “Se as empresas que pagam 3% hoje passarem a pagar 8%, isso vai prejudicar muito o setor. Especialmente em um momento em que a economia está ruim, a inflação está em alta e as pessoas podem pensar em cortar gastos, com possível impacto nos serviços de internet”, disse. Em 2014, as empresas de internet responderam por R$ 1,60 de cada R$ 100 arrecadados sob a forma de impostos pelo governo federal, o equivalente a R$ 19 bilhões alta de 10% em relação a 2013.
O estudo foi realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) e levou em conta dados da Receita Federal e do Ministério do Trabalho. Foram excluídos os números das grandes operadoras de telecomunicações. O estudo não inclui empresas de tecnologia como Microsoft, IBM, Stefanini etc. Isso porque algumas delas têm classificação de atividade econômica diferentes das que foram usadas pelo IBPT. A ideia, segundo Parajo, é aperfeiçoar o levantamento com o tempo.
Fonte: Valor Econômico