Essa é daquelas notícias que não dizem nada, mas fazem marola.
Uma imensa parcela dos seres humanos não conhece a Internet. E não se trata de uma figura de linguagem pelo fato de apenas 37,9% das pessoas estarem conectadas à rede de computadores. Dados reunidos pelo Facebook indicam que metade da África do Sul nunca ouviu falar nisso. Assim como 65% dos ganeses ou 69% dos indianos não sabe o que é essa rede.
Batizado de Estado da Conectividade, o compêndio é assinado pela internet.org, a organização criada pela maior rede social do mundo que busca soluções em como conectar os mais de 4 bilhões de terráqueos que não podem pagar, não tem interesse ou vivem em locais onde simplesmente não existe infraestrutura de telecomunicações, o que torna a Internet impossível.
Essa impossibilidade prática é real para a maioria. Hoje, 91,7% vive sob alguma cobertura em tecnologia 2G. Mas a taxas de transmissão inferiores a 10 kbps, fica difícil promover a rede quando uma página leva mais de 2 minutos para baixar. Embora a máxima de que a mobilidade é a porta para a Internet continue válida, só 48,7% das pessoas vive ao alcance de antenas 3G.
Mas a infraestrutura é apenas uma das barreiras. “Apenas 53% do mundo tem acesso a conteúdo em sua língua primária”, diz o relatório. Para o Facebook, “de forma a fazer a Internet relevante a 80% do mundo, seria preciso conteúdo em pelo menos 92 línguas”. Nas contas da rede social, atualmente só há conteúdo relevante em, no máximo, 20 línguas.
O documento lembra que isso não se refere apenas ao conteúdo online, visto que a barreira da língua começa nos equipamentos usados para a conectividade. “Há uma barreira técnica adicional a ser superada, uma vez que a linguagem usada na Internet precisa ser compatível com a letra da apresentação e da tecnologia de inserção na forma de teclados compatíveis, particularmente para as muitas línguas que usam caracteres não-alfabéticos”.
Preço
Uma terceira barreira estrutural à ampliação da conectividade é a capacidade de pagar por ela. A partir de pesquisas do instituto Gallup, da consultoria McKinsey e de dados de tráfego de operadoras em diferentes partes do mundo, o Facebook sustenta que uma experiência razoável de navegação, o que inclui algum conteúdo audiovisual, exige cerca de 500 MB por mês.
O relatório indica que, em média, o volume de tráfego por usuário é atualmente de 585 MB por mês. Mas as disparidades são grandes. Enquanto nos Estados Unidos, país listado como ‘totalmente conectado’, o tráfego médio é de quase 2 GB, na Índia ele é de 149 MB. Mesmo no Brasil, exemplo de país em estágio maduro, o tráfego médio mensal é de 416 MB.
“No padrão de referência de 500 MB por mês, só 31,3% do mundo pode pagar pelo acesso à Internet”, conclui o documento. Cerca de 50% conseguiria pagar até 250 MB. E ainda assim dentro de uma realidade de extremos. “Na África subsaariana, onde 69% das pessoas vive com menos de dois dólares por dia, mesmo um tráfego mensal de 20 MB só é acessível a 53% da população”.
O relatório completo sobre o Estado da Conectividade pode ser conferido no link https://fbnewsroomus.files.wordpress.com/2015/02/state-of-connectivity1.pdf.
Fonte: Convergência Digital