A agonia do Canecão em 2015

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Estamos em fevereiro de 2015 e a situação é a mesma (na verdade, pior) do que em outubro de 2010, quando a UFRJ conseguiu fechar o Canecão. As razões para a “retomada de posse” já foram mais do que discutidas e nenhuma delas jamais me convenceu de que o fechamento seria um grande retrocesso e traria enormes prejuízos ao Rio de Janeiro. Afinal, gostassem ou não do lugar, o Canecão era uma das principais – senão a principal – casas de espetáculo da cidade.

canecao abandonadoA agonia do Canecão não é (apenas) um caso de incompetência. A UFRJ, como a maioria das universidades brasileiras, não tem experiência na administração de uma casa de espetáculos e nem tem o seu foco em gerenciar algo que venha a beneficiar a população. Suas prioridades estão voltadas para si própria. A Academia prefere se debruçar sobre pesquisas e projetos que nem sempre têm algum resultado prático – como a “influência do giro anti-horário dos girassóis no inverno (e isso é sério). Além disso, a tão propagandeada “independência universitária” permite que hospitais sejam sucateados, campis abandonados e até mesmo que museus sejam fechados por falta de limpeza ou segurança, como vimos ais uma vez nos últimos tempos. Sendo assim, acreditar nas promessas de que no local seria aberto um centro cultural – com exposições de artesanato, pintura, produções teatrais, etc, é/era muita ingenuidade.

Com reabertura prometida para 2012, Canecão completa quatro anos de silêncio

moveis-abandonados-canecaoHoje, quem passa pelo que foi o Canecão vê um prédio abandonado, onde a história da nossa música padece e sem nenhuma expectativa de melhora. Pior, agora dizem que será preciso demolir várias partes do Canecão por estarem irremediavelmente deterioradas. Cômodos como o camarim – um dos poucos espaços que estavam em bom estado antes do fechamento -, por onde grandes astros da música passaram, agora estão ameaçados de deixar de existir.

Fechado há 15 meses e nas trevas, Canecão procura nova luz

Foram inúmeros os grandes shows que assisti lá. Infelizmente, não tenho esperanças de algum dia voltar a frequentar aquele espaço para ouvir um Roberto Carlos, Milton Nascimento ou John Mayal, por exemplo.

Triste, muito triste.

PS: Há relatos – por parte de pessoas ligadas a UFRJ – de que o estado do Canecão era deplorável. Não sei no que as pessoas podem acreditar, mas deplorável é o que acontece HOJE! As versões oficiais são, também, lastimáveis.

Relembre o que já escrevi sobre a situação do Canecão:

UFRJ comprova incompetência e Canecão parece Terra Devastada

Johnny Winter – Canecão – 20/05/10

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