A recente onda de protestos, greves e manifestações fechando ruas de grandes cidades do Brasil mostram que houve uma inversão de valores na nossa sociedade. Que a maioria das reivindicações é justa (a dos trabalhadores), não se discute. Que nossa classe política trata os professores, motoristas e garis (entre outras categorias) de forma indecente, oferecendo-lhes salários ridículos e deixando-os com a sensação de que são cidadãos de segunda categoria, também é fato. Porém, garis, assim como policiais, professores, motoristas, cobradores e médicos não têm o direito de paralisar suas atividades causando transtornos a população. A maioria dos profissionais dessas categorias aceitaram a regra do jogo ao se candidatarem aos empregos. Portanto, se lutar por melhores condições de trabalho é um direito, que encontrem uma maneira que não pareça com extorsão e que não deixe as cidades reféns da má fé de sindicatos e bandidos disfarçados de gente de bem.
Dois casos que ilustram bem a má conduta de certas categorias são a greve dos garis no Rio de Janeiro e a dos rodoviários, no Rio Grande do Sul. Os garis cariocas decidiram deixar a cidade emporcalhada durante o carnaval, fazendo com que qualquer simpatia que pudessem conseguir fosse ralo abaixo e ainda por cima fazendo passeatas com menos de 500 pessoas, mas que conseguiam interditar ruas e avenidas de uma cidade que já sofre com o caos no trânsito, mostrando uma total falta de consideração e de responsabilidade. Para piorar, a defensoria pública ainda sugeriu que as demissões anunciadas pelo prefeito da cidade fossem perdoadas, em mais uma atitude paternalista de nossos dirigentes. Ora, se a greve era legal ou não, pouco importa. Há oferta de trabalhadores, então que se substitua quem não quer ir para as ruas. Simples lei da oferta e da procura. Para piorar o estelionato, conseguiram um (merecido) super reajuste nos salários. Parabéns aos garis pelo aumento e pêsames pela maneira desrespeitosa pela qual conseguiram. Parabéns ao prefeito do Rio pelo aumento dado e pêsames por só ter concedido após um ato dessa magnitude de uma categoria que presta um serviço essencial.
Já no caso dos rodoviários do RS, que deixaram a cidade parada por 15 dias, fico pasmo ao saber que houve uma nova greve para protestar pelos descontos dos dias parados. Bem, até onde eu sei, não trabalhou, não recebe. Ainda mais se o movimento for considerado ilegal e abusivo, como esse foi.
Que não venham dizer que essas são opiniões de direita, até porque, no Brasil, a distância entre direita, centro-direita, centro, centro-esquerda e esquerda é praticamente nula. O que é preciso é cobrar condições de trabalho decentes dos patrões e governos e responsabilidade dos trabalhadores/servidores. Chega de passar a mão na cabeça de malandros que manipulam pessoas de bem e de dar voz a políticos oportunistas e que ainda vivem com a cabeça no comunismo.
Outro ponto que também já encheu o saco é a paciência que a polícia e os governantes tem com posseiros que invadem propriedades privadas e ainda se acham no direito de parar o trânsito para reclamar que foram “despejados“. Isso aconteceu recentemente no Rio, na Avenida Francisco Bicalho, importante via da cidade, quando posseiros resolveram sentar no meio da rua e causar um tremendo engarrafamento. Um desses seres ainda deu a seguinte declaração a uma emissora de rádio.
– Invadi esse local faz cinco anos com a minha família e agora querem me tirar daqui. Não tenho para onde ir. A Prefeitura tem que resolver isso. Queremos casa!
Ora, vá se catar! Eu também quero casa, meus parentes querem e todos eles (não importa o grau de escolaridade) conseguem viver sem infringir (quase) nenhuma lei. Pior, essas pessoas não aceitam ir morar longe do Centro ou da Zona Sul. Querem locais “nobres“. Para piorar, a polícia fica olhando esse tipo de manifestação sem fazer nada porque ainda vão acusá-la de truculência.
Reforma agrária e projetos como o Bolsa Família seriam bem vindos se as pessoas beneficiadas fossem realmente necessitadas. Infelizmente, uma grande parte é só um grupo de aproveitadores. Há pessoas que pagam tarifas sociais para luz, gás e transporte (ok, merecidos), mas há tarifa social até para TV a cabo. Peraí, quem não tem como pagar aluguel, a passagem do ônibus, etc, precisa ter TV a cabo? Eu também quero. Afinal, pago impostos e sou taxado por todos os lados.
Pelo jeito, a prioridade é o cidadão que não paga impostos ou que descumpre alguma lei.
Já está na hora de termos governantes que não se preocupem apenas com o seu bem estar e de acabar com essa benevolência em relação a atos que simplesmente não têm respaldo popular. Traduzindo: que se use a lei para coibir a bagunça que se instaurou no país. Claro que vão levantar a bandeira de que a Justiça não é igual para todos (realmente, aqui não é) e que até o STF se mostrou capaz de assar um belo calzone (aquela pizza mais sofisticada e com mais recheio), mas isso, senhoras e senhores, é outra (infeliz) história.
Sugiro que da próxima vez escolham bloquear a saída da casa do prefeito, do governador ou do presidente da empresa da qual são funcionários. São eles quem merecem sofrer!
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