Elton John faz parte daquele naipe de artistas que podem fazer ótimos shows com quase 2h30 e ainda deixar de fora uma boa série de sucessos. Foi isso o que aconteceu na noite desta quarta-feira na HSBC Arena, na Barra da Tijuca. Elton e banda – Kim Bullard (teclados), John Mahon (percussão), Matt Bissonette (baixo), Davey Johnstone (guitarras, banjo, etc) e Nigel Olson (bateria) – subiram ao palco para apresentar a perna sul americana da turnê Follow de Yellow Brick Road, que comemora os 40 anos do disco Goodbye Yellow Brick Road.
Dificuldades para chegar até a Barra
Mas, antes de falar do show, é preciso destacar que boa parte das pessoas que chegaram atrasadas (mesmo com o início do espetáculo ter começado também atrasado) sofreram com o grande canteiro de obras que se transformou a cidade, em praticamente todos os bairros. Para piorar, sinalização é algo que parece não fazer parte do vocabulário das autoridades responsáveis pelo trânsito. Se para um carioca a coisa é complicada, imagine para um estrangeiro na Copa!
Simpatia e um caminhão de hits
Elton não é um desconhecido do público carioca. Desde 1995 ele vem visitando a cidade (e o país), com shows sempre de boa qualidade. Apesar de não ter mais uma banda tão brilhante quanto a da primeira apresentação, Elton fez seu melhor show na cidade, basicamente por conta do repertório e do seu ótimo humor. Ele esbanjou sorrisos, autógrafos, tirou até foto com um fã no palco, esteve falante e interagiu bem com a plateia Isso fez toda a diferença.
Vestindo um casaco azul com brilhantes e a inscrição Madman Across the Water nas costas (título de um de seus discos), Elton deixou o público de joelhos logo nos primeiros acordes de Funeral for a Friend / Love Lies Bleeding, a primeira das muitas canções de Goodbye Yellow Brick Road que iria apresentar.
Dando preferência ao material produzido nos anos 70, Sir Elton Hercules John foi desfilando canções e sucessos de praticamente todos os álbuns que produziu naquela década. Lá estiveram, por exemplo, Levon e Tiny Dancer (Madman Across the Water), Mona Lisas and Mad Hatters e Rocket Man (Honky Château) e Someone Saved My Life Tonight (Captain Fantastic and the Brown Dirty Cowboys). Mas foi mesmo o material de GYBR que fez a diferença. Poucas vezes um disco teve tantos sucessos (Candle in the Wind, Bennie and the Jets, Saturday Night’s Alright for Fighting, Goodbye Yellow Brick Road, etc) e poucas vezes tantas músicas de qualidade que não foram hits apenas por “falta de tempo” (All The Girls Love Alice, The Ballad Of Danny Bailey (1903-34), I’ve Seen That Movie Too, Harmony, e por ai vai…).Infelizmente nem todas puderam ser tocadas (ou o show teria 4h de duração), mas a qualidade do resto do material preencheu essa lacuna. Até mesmo Home Again (a solitária canção do seu último disco Diving Board) poderia se encaixar perfeitamente na produção da sua fase de ouro.
Skyline Pigeon com banda
Sempre imagino o que deve passar pela cabeça de Elton e dos músicos com a recepção que a canção Skyline Pigeon, que segundo uma coletânea do cantor é uma das suas mais obscuras músicas. Se em 1995 ele ignorou a força dessa melodia, desde 2009 que ela é presença certa no setlist dos shows no Brasil (e só no Brasil, que fique bem claro). Porém, dessa vez, a boa nova foi que ela não se limitou a Elton e o piano. Toda a banda (muito bem ensaiada) participou do momento que a maioria do público presente na Arena vai lembrar para o resto da vida. Público que, na sua grande maioria, tinha mais de 40 anos, já que, talvez pelos preços praticados, pouquíssimos jovens e crianças deram as caras na Barra da Tijuca.
As poucas alterações no setlist foram positivas – talvez apenas a exclusão de Oceans Away e I’ve Seen That Movie Too provoquem alguma lamentação – e a plateia carioca pode acreditar que os elogios feitos a ela foram sinceros. Tão sinceros quanto os dela pela existência de um artista dessa envergadura e com esse talento para emocionar e para fazer você sentir vontade de dançar. Philadelphia Freedom e o fechamento do primeiro ato, com Your Sister Can’t Twist (But She Can Rock ‘n Roll) e Saturday Night’s Alright for Fighting, não me deixam mentir.
Ave Elton, Dave e Nigel. É um privilégio poder dividir o mesmo espaço com vocês e poder ouvi-los tocar.
Funeral for a Friend/Love Lies Bleeding
Bennie and the Jets
Candle in the Wind
Grey Seal
Levon
Tiny Dancer
Holiday Inn
Mona Lisas and Mad Hatters
Believe
Philadelphia Freedom
Goodbye Yellow Brick Road
Rocket Man (I Think It’s Going to Be a Long, Long Time)
Hey Ahab
I Guess That’s Why They Call It the Blues
The One
Skyline Pigeon
Someone Saved My Life Tonight
Sad Songs (Say So Much)
All the Girls Love Alice
Home Again
Don’t Let the Sun Go Down on Me
I’m Still Standing
The Bitch Is Back
Your Sister Can’t Twist (But She Can Rock ‘n Roll)
Saturday Night’s Alright for Fighting
Bis:
Your Song
Crocodile Rock
Fotos: AgNews
ÓTIMA CRÍTICA, foi um show inesquecível. dos seis shows que vi de Sir Elton John, posso afirmar que este foi o mais memorável de todos.