Não podia deixar o ano acabar sem escrever algo sobre o projeto Sound City (CD e DVD), capitaneado por Dave Grohl, ex-baterista do Nirvana e atual líder do Foo Fighters. Como esse foi um dos produtos que a gravadora responsável não fez questão de enviar para análise (as vezes eles mandam só para veículos especializados ou para quem não escreve mesmo), não tive a menor preocupação em publicar nada na época do seu lançamento. Porém, como este blog não tem nenhum vínculo com o factual, ai vão as minhas impressões.
Primeiro vamos explicar quem/o que/onde fica(va) Sound City. Sound City era um estúdio de gravação na Califórnia, usado por muitos músicos e grupos de peso (Fleetwood Mac, Tom Petty, Elton John, Rick Springfield, Nirvana e muitos outros nomes. Inexplicavelmente, aquele lugar, pequeno, sujo e fedorento, tinha uma magia, acústica e qualidade técnica que apaixonavam e inspiravam a produção de grandes obras. Infelizmente, com o aparecimento de ferramentas como o Pro Tools, o uso de estúdios acabou caindo em desuso e nem mesmo um local com a aura e a história de Sound City.
Ao saber que a mesa de som do estúdio – uma obra prima feita a mão e chamada Neve – Dave correu para comprá-la, instalá-la em seu próprio estúdio e mantê-la viva, funcionando. A opção óbvia foi convidar alguns dos grandes nomes que passaram por Sound City para gravar novas canções, utilizando os recursos da Neve. O resultado é um apanhado de boas histórias, dirigidas como uma verdadeira declaração de amor. O documentário é brilhante e algumas entrevistas (principalmente Neil Young e das managers do estúdio) são obras primas.
Musicalmente, o registro em CD de novas canções – Real to Reel – é mais que positivo. Reunir o “garrotão” Stevie Nicks, Jim Keltner e Rick Springfield foi um tiro certeiro, mas a cereja do bolo é mesmo a canção Cut me Some Slack (que já tem uma versão sendo usada em um comercial de perfumes), que reuniu os ex-integrantes do Nirvana com o ex-beatle Paul McCartney.
Um dos melhores lançamentos do ano, deixando claro que os documentários sobre rock estão mesmo em alta.