Escrever sobre música é algo complicado. Muitas vezes, o ego dos críticos pode chegar quase ao do tamanho do artista. Quando isso acontece, somos deparados com uma série de narizes de cera, imagens surreais, tratados filosóficos e colocações histórico/políticas que raramente têm alguma relação com a música que deveria estar sendo comentada. Mas, o que realmente me deixa abismado é quando produtores e artistas precisam de tempo (muito tempo) para explicarem a feitura de um disco.
Neste fim de semana, assisti a um programa (me permito não falar qual é ou o disco esmiuçado) onde produtor e artista se esforçaram – com a boa vontade do apresentador – em mostrar o contexto no qual um álbum foi gravado e as ideias que estavam por traz da mixagem e do som obtidos. Ouvir 40 minutos sobre conceitos concretistas, desconstrução do som, projeto multimídia e outras coisas para explicar um álbum só me convence que o disco em questão é uma merda e não há como passar isso para o público de uma maneira mais simpática do que dizendo que ele não foi inteligente o suficiente para alcançar a profundidade artística do seu idealizador.
Alguns discos são mesmo estranhos e foram lançados muito a frente do seu tempo, tão na frente, que nunca chegam ao seu tempo certo. Claro que se você for um Frank Zappa ou um Roger Waters, podemos relevar, mas é muito estranho ter que pensar para poder compreender uma canção. Melhor criar e escrever de maneira simples, descritiva e eficiente para o ouvinte/leitor.
PS: Deixo claro que não acredito que ninguém no mundo lance um disco sem interesses comerciais ou que os faça para que ninguém ouça.