Zélia Duncan lança disco em homenagem a Itamar Assumpção

CD ZÉLIA DUNCAN - CANTA ITAMAR ASSUMPÇÃO (TUDO ESCLARECIDO) IIO envolvimento de Zélia Duncan com Itamar Assumpção (1949-2003) data dos anos 80, quando gravou Vou Tirar Você do Dicionário, em seu terceiro disco. Agora, a niteroiense se volta com força total à obra de Itamar, com o lançamento do disco Tudo Esclarecido – Zélia Duncan Canta Itamar Assumpção (Warner) e a participação na série de show Nego Dito – Uma homenagem a Itamar Assumpção, que acontece no Oi Futuro Ipanema (sua apresentação é no sábado, 19). Em um bate-papo exclusivo com O Fluminense, a cantora fala sobre o novo projeto, sua paixão por maratonas e seu gosto musical.

Como surgiu a ideia de fazer um disco dedicado à obra de Itamar Assumpção?
A primeira vez em que me deparei com a obra de Itamar foi em 1985 e me apaixonei. Já pensava em fazer esse projeto faz muitos anos. Foram 11 álbuns até chegar a vez dele, mas acho que valeu, porque estou mais madura e com uma compreensão mais ampla dessa obra. Com 30 anos de carreira, eu me propus três objetivos: gravar um DVD, fazer teatro – o espetáculo ToTatiando – e gravar um disco com canções do Itamar.

Como foi o processo de escolher o material que seria gravado?
Foi muito difícil. Eu tinha uma lista com 30 músicas e o Marcelo Genesi me sugeriu o Kassin (produtor do disco). Ele foi muito importante, já que não tinha o Itamar como um ídolo. Quando estávamos em duvida ele ajudou muito. Queria um disco delicioso de ouvir.

Zélia - Divulgação IQual a importância do Kassin para o projeto?
Total. Em uma semana ele trabalha gente diferente, o que o deixa com uma mente aberta. Ele é generoso e tem um ouvido e uma cultura musical sensacional. É meu mais recente amigo de infância. A gente se identifica na alegria de fazer música.

A ideia é ir para a estrada?
Sim. Fiz São Paulo e quero rodar o Brasil, incluindo o Rio e Niterói. A minha única exigência em relação às datas é que me deixem uns dias livres para correr uma maratona. Participei da do Rio e quero estar na de Berlim. Correr é outra paixão. Meu show deve ser no Vivo Rio, que é um local mais central. Nasci em Niterói e moro na Urca, o que me faz sentir a Barra um pouco longe do meu caminho. Devo tocar pelo menos umas dez músicas a mais do que o disco. O Itamar tinha muitas vinhetas e eu gravei algumas delas. No show, essas vinhetas vão entrar no setlist.

Pensa em um CD ou DVD ao vivo desse projeto?
Tenho certeza que alguém da minha equipe já deve ter pensado nisso, mas ninguém me contou ainda (risos).
Você já gravou com os Mutantes, tem sua carreira solo e faz teatro.

Qual a técnica para conciliar tantas tendências e escolher o seu novo trabalho?
Não tem nenhuma técnica. É um processo natural e gostoso. Essa novidade é o que me mantém com interesse de subir ao palco. Com mais frescor. O novo é sempre árduo e só dá prestígio muito tempo depois de realizado.

O que você houve hoje?
Muita coisa. O último do Bob Dylan (Tempest), o do Mumford & Sons (Babel), Tom Waits e uma banda chamada Tulipa, além de muito blues.

Zélia Divulgação II‘Zélia Duncan Canta Itamar Assumpção’ é um disco para ser ouvido na sequência?
Com certeza! Tudo ali está contando uma história. Eu sempre acredito em encarte. Sei que isso é meio contramão do que acontece hoje em dia, mas é o jeito que eu sei fazer as coisas. Espero que todos gostem.
Um tributo cheio de personalidade

Gravar um disco com composições de um único autor é sempre um desafio grande. É preciso alcançar um balanço entre a identidade do autor e a personalidade do intérprete. Tudo Esclarecido – Zélia Duncan Canta Itamar Assumpção é um desses casos. Produzido por Kassin – o novo Midas da MPB – emociona e reafirma a categoria de Zélia como cantora.

Nas 13 canções – uma delas inédita (Tudo Esclarecido) – Zélia recebe dois convidados muito especiais (Ney Matogrosso e Martinho da Vila), em números que se identificam pelos belos e econômicos arranjos. A banda, formada pelo violão de Zélia e mais Kassin (baixo acústico, baixo, guitarra dobro, lap steel, sintetizador), Stephane Sanjuan (bateria, tímpano e percussão), Thiago Silva (bateria e percussão), João Callado (cavaco), Marlon Sette (trombone), Luis Filipe de Lima (violão 7 cordas), Pedro Sá (guitarra, violão), Christiaan Oyens (dobro slide, guitarra, violão havaiano, violão, lap steel, bateria e percussão) e Marcelo Jeneci (teclados e acordeom), mostra-se precisa e capaz de mudar de clima sem perder o rumo.

Faixas como Cabelo Duro, Isso Não Vai Ficar Assim e É de Estarrecer, já seriam suficientes para dar ao disco uma boa cotação, mas elas são apenas pílulas do belo painel pintado por Zélia.

Zélia - Divulgação IIProjeto ‘Nego Dito’ no Oi Futuro Ipanema

O projeto Nego Dito – Uma homenagem a Itamar Assumpção, que já levou ao palco do Oi Futuro Ipanema os cantores Arrigo Barnabé e Paulinho Moska, fecha a temporada com shows de BNegão (quinta) e Zélia Duncan (sexta). Para acompanhar os artistas, a produção escalou a banda de Itamar (Isca de Polícia), em uma verdadeira celebração ao cancioneiro de um dos mais singulares compositores de sua geração, morto faz dez anos.

Um dos fundadores da Vanguarda Paulista (1979/1985), Itamar também foi um dos primeiros artistas a lançar seus discos de maneira independente, longe das amarras das grandes gravadores e suas estratégias de marketing.

Nos shows de BNegão e Zélia, os artistas vão interagir com projeções de imagens do artista, além de apresentar sua visão das canções de Itamar.

Serviço
Nego Dito – Uma homenagem a Itamar Assumpção Data: 18 (BNegão) e 19 (Zélia Duncan)
Horário: 21h Local: Oi Futuro em Ipanema – Rua Visconde de Pirajá, 54 / 2º piso
Preço: R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia-entrada)
Classificação: 14 anos
Capacidade: 120 lugares por sessão
Informações: (21) 3201-3010

Uma versão desse texto também foi publicado no jornal O Fluminense

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