De volta ao Brasil a banda se apresenta neste domingo no HSBC Arena. O espetáculo terá musicas do novo álbum e os clássicos que fazem a alegria dos fãs do grupo
Considerado (erradamente) por muitos como uma mistura de desfile de escola de samba com rock pesado, mais uma vez um show do Kiss desembarca no Rio. Apesar da pintura e dos vários efeitos especiais que utilizam, o mais importante da banda é mesmo a música.
Com uma relação com o Rio que se iniciou na década de 80, quando colocaram 200 mil pessoas no Maracanã, os mascarados do Kiss voltam à cidade pouco mais de três anos depois de sua última visita, em 2009, com a turnê Alive 35. Agora, chegam com a Monster Tour, que passa também por Porto Alegre e São Paulo, e serve para divulgar o seu último disco (Monster). O espetáculo, que acontece neste domingo na Arena HSBC, promete espremer os fãs, que não terão tanto espaço quanto tiveram nas últimas apresentações da banda por aqui.
“A Arena não é tão grande quanto a Apoteose (onde se apresentaram em 2009), mas também não vamos ter problemas com a chuva como aconteceu da última vez. É um show imperdível”, conta a estudante de comunicação Camila Farias, de 19 anos.
A maquiagem e o peso do som da banda formada por Paul Stanley (vocais e guitarra rítmica), Gene Simmons (vocais e baixo), Eric Singer (bateria, percussão e vocais) e Tommy Thayer (guitarra solo e vocais), hipnotizam fãs já há quase 40 anos.
“O show deles é uma festa com todo mundo curtindo o astral junto. Depois de 40 anos ouvindo o Kiss, os fãs se parecem com os dos Beatles no amor à banda. Gosto do hard rock com melodia, o descompromisso e o fato de serem quatro caras sem grana que correram atrás e se deram bem. São honestos ao reconhecerem isso. Como disse uma vez o Peter Criss, primeiro batera: ‘Se não ficarmos ricos com isso, vão ter que me internar num hospício’”, diz o músico niteroiense André “Barba The Axe”, nome inspirado no baixo em formato de machado usado por Simmons.
Os grandes sucessos como Rock And Roll All Nite, Detroit Rock City e Lick It Up estão sempre no setlist, junto das novas (e boas) canções de Monster, em uma demonstração de fôlego e criatividade raros em grupos com tantos anos de estrada.
“Foi o melhor em vinte anos, desde Revenge (1992). Nunca vi tanta música boa num só CD, e me senti de novo com 15 anos”, conta André.
Portanto, esperem Gene Simmons cuspindo fogo, Paul Stanley voando pelo palco, muitos efeitos especiais, músicos maquiados, mas aguardem mesmo é muita pauleira. Isso é o Kiss.
Crítica – Monster
Espinafrados durante anos pela crítica especializada e quase sempre considerados mais um ato teatral do que uma expressão musical, o Kiss volta aos holofotes com o ótimo Monster. Desde os primeiros acordes de Hell or Hallelujah – primeiro single tirado do álbum – já sentimos o peso da banda, justificando o aviso estampado na capa do CD: “Sem Frescura. Sem baladas. Apenas Rock’n’Roll a todo o vapor“.
Depois de alguns discos apenas razoáveis (como Sonic Boon), Monster se beneficia da ótima produção de Paul Stanley e de uma safra de composições de primeira – a maioria parcerias entre os fundadores Gene Simmons, Paul Stanley e o guitarrista Tommy Thayer – o CD gira, queimando em alta octanagem do início ao fim. São muitos os destaques. Além da já citada Hell or Hallelujah, Wall of Sound, Outta This World, Take me Down Below e Eat Your Heart out, têm tudo para se colocarem entre os clássicos da banda, embora só as três primeiras façam parte das 18 canções que integram o setlist dos shows.
Os elementos que fizeram e fazem o sucesso da banda podem ser encontrados desde a capa – com as famosas maquiagens e a não menos famosa língua de Gene Simmons – até o último segundo da última música. Guitarras altas e um senso melódico raro no hard rock.
Com Monster, os integrantes do Kiss parecem querer passar a seguinte mensagem aos fãs: “Esqueçam as maquiagens, esqueçam os efeitos especiais, esqueçam o reality show de Gene Simmons e prestem atenção no som de uma das melhores e mais cultuadas bandas de rock de todos os tempos“.
Serviço:
O HSBC Arena fica na Avenida Embaixador Abelardo Bueno, 3401 – Barra da Tijuca. Horário: 21 horas. Informações: www.hsbcarena.com.br.
Esse texto também foi publicado no jornal O Fluminense