Já com sua carreira consolidada e recentemente resgatada por duas caixas que englobam seus discos dos anos 50 e 60, o dono do samba de breque, Moreira da Silva, passou boa parte dos seus últimos anos de carreira regravando seus grandes sucessos. Este é o caso de Cheguei para dar Trabalho (Warner/Discobertas), que reedita o LP lançado em 1985 pela gravadora Top Tape. Nele, Moreira é acompanhado por um grupo de músicos de primeira linha (que incluia Wilson das Neves e Mestre Marçal), sopros e um naipe de metais que dá um certo brilho novo aos sucessos já conhecidos como O Rei do Gatilho, Acertei no Milhar, Amigo Urso e Na Subida do Morro.
Se em 85 o velho Morengueira (então com 84 anos) já não era o cantor de outrora, ainda fazia bonito nos graves e não tinha perdido aquele tom debochado que o caracterizou.
Das 18 faixas que compões o repertório original, também há lugar para boas surpresas como A Volta do Boêmio – sucesso na voz de Nelson Gonçalves e que caiu muito bem na interpretação de Moreira – As Rosas não Falam – clássico de Cartola – e a seresta Último Desejo, de Noel Rosa.
Mas são mesmo as velhas canções, repaginadas e, então, com som mais moderno que seguram o repertório do disco. Mesm que em algumas delas faltem elementos característicos (como a apresentação em forma de trailer cinematográfico para a também cinematográfica O Último dos Moicanos) as interpretações de Moreira são sempre prazeirosas e o resgate de sua discografia merece palmas.
Uma versão editada desse texto foi publicada no jornal O Fluminense