Amorágio – A crítica
Amorágio (Som Livre) é quase um disco conceitual. Nele, o amor está presente em todas as faixas e de todas as maneiras: suave, amargo, com saudades, apaixonado, arrependido. Ivan Lins, talvez o nosso artista atual mais (re)conhecido no exterior, mais uma vez mostra as características que o fizeram ganhar o respeito de público e crítica ao redor do Globo.
O novo CD tem momentos brilhantes, canções que têm tudo para se transformarem em clássicos da carreira do artista e algumas apostas que não vingaram. Há canções inéditas e algumas que foram revisitatas. Logo na faixa de abertura (Quero falar de Amor) o ouvinte se depara com uma das mais belas melodias da safra recente de Ivan, com uma letra que cativa e faz pensar. O resultado é que é quase impossível não sair cantarolando a melodia logo após a primeira audição.
Quero falar de amor
Nesses tempos de ensandecer
Amor devastador
Impossível de se conter
No mesmo nível de inspiração estão Roda Bahiana (Ivan Lins e Vitor Martins), o ótimo e divertido xote/baião Carrosel do Bate-Coxa (parceria de Ivan com o filho, Cláudio Lins), além da sua versão para Sou Eu (composta com Chico Buarque), que ganhou uma versão muito superior aquela gravada pelo coautor em seu último disco e a doída E Isso Acontece.
Amor, fogo que desata os novelos da vontade
Ignora o bem, desdenha da verdade
Ponte-aérea do Éden à insanidade
Rico em melodias, harmonias, passeando por estilos nem sempre comuns na sua obra (rap, fado sertanejo) e com a classe característica da produção de Lins, Amorágio encanta pela maneira na qual o compositor expõe suas visões do amor.
Esse texto também foi publicado no jornal O Fluminense