Grande nome dos anos 70, compositor de algumas das mais belas melodias do século passado, responsável por alguns dos mais inspirados discos de todos os tempos e dono das paradas de sucesso na era pós-Beatles, o hoje Sir Elton John é uma figura rica (em vários sentidos) e sempre difícil de entender na sua totalidade. O jornalista David Buckley teve uma boa ideia ao fazer a sua biografia do artista – Elton John – A Biografia (Companhia Editora Nacional) – tendo como ponto principal os lançamentos de álbuns e singles, ao invés de algum evento que marcasse sua vida. Dessa maneira, o livro, em suas quase 400 páginas, traça um perfil do músico com base na sua face mais importante: a música.
Como toda biografia não autorizada, o livro se baseia em entrevista com amigos e colaboradores para criar a imagem de Elton. O colaborador mais importante para a feitura do livro foi o letrista Gary Osborne, que substituiu Bernie Taupin durante o fim dos anos 70 e boa parte dos 80, fase bem menos brilhante do pianista.
O livro cobre todas as fases do artista, mas – talvez seu único pecado – perde muito mais tempo na década de 70, quando seu contrato o obrigava a lançar dois discos por ano e todos com muito sucesso nas paradas. Como essa foi a fase de ouro de Elton fica claro que deveria ser bem explorada, mas alguns lançamentos dos anos 80 e 90 ganharam tão pouco espaço que poderiam virar apenas um verbete. Citar suas canções de sucesso ou o título de seus discos pós-anos 70 poderia aumentar esse texto em mais um ou dois parágrafos, mas seria supérfulo (para essa discografia, leia o livro).
Elton John continua na ativa até hoje e, apesar de sua voz e sua criatividade nunca mais terem sido as mesmas, mantém seu nome nos holofotes de alguma maneira. Seus últimos discos até apresentam faíscas daquilo que foi produzido nos anos 70, mas os dias de Capitão Fantástico ficaram mesmo para trás.
Elton John – A Biografia é recomendado não apenas para quem quiser entender melhor o que foi o fenômeno Elton John, mas também para ter uma ideia do cenário musical das décadas de 70 e 80 (principalmente). Há um apêndice com a colocação nas paradas americanas e inglesas de todos os álbuns e singles lançados por ele, com colocação e tempo que ficaram entre os títulos mais vendidos.
PS: O livro tenta explicar a personalidade um tanto complexa e um tanto depressiva de Elton, seus abusos com drogas e incertezas sexuais. Mas isso, fica sempre (ainda bem) em segundo plano.