Gravado na Inglaterra durante seu período de exílio e lançado originalmente em 1972, Transa (Universal) é um dos discos mais cultuados da carreira de Caetano Veloso. As sete canções que fazem parte do álbum (que foi remasterizado mas não ganhou faixas bônus) são das mais inspiradas do catálogo de Caetano. You Don’t Know Me (resgata nas últimas turnês do artista), Neolithic Man e It’s a Long Way (todas misturando português e inglês) são exemplos de como foi produtivo o período afastado do Brasil.
Gravado com um grupo de amigos brasileiros, o disco teve arranjos de Jards Macalé e as participações de Tutti Moreno, Áureo de Sousa e Moacyr Albuquerque. Curiosidade fica por conta das fichas técnicas (original e revisada) que mostram como era pouco o cuidado com essas informações na década de 70. Por exemplo, na ficha original, segundo o próprio Caetano, Transa contém a sua melhor canção escrita em inglês (Nine Out of Ten) e foi a primeira vez que o reggae foi citado em um disco de música brasileira.
Seja lá por qual razão você goste de Transa, essa versão remasterizada pelo engenheiro Steve Rooke – o mesmo responsável pelos lançamentos de Let It Be… Naked e LOVE, dos Beatles, nos sagrados estúdios de Abbey Road, em Londres, onde os rapazes de Liverpool e a maioria dos grandes astros do rock inglês gravaram seus clássicos – merece ser conferida. Nunca Transa teve um som tão cristalino ou uma edição tão cuidadosa.
Texto originalmente publicado no jornal O Fluminense