O novo CD de Chico Buarque é um trabalho que passa longe da simplicidade, mesmo sem ter qualquer tom de arrogância. Por isso, só agora (uma semana após seu lançamento) decidi escrever sobre ele. O trabalho, chamado simplesmente Chico, merece várias audições antes de se fazer um juízo sobre ele.
Chico é um disco maduro, onde fica a impressão que o seu autor está fazendo a música que lhe agrada, sem outras preocupações. Não é um disco para quem quer encontrar rimas fáceis – muitas vezes é difícil até mesmo encontrar uma – ou melodias que possam ser assobiadas após poucos minutos. O novo trabalho de Chico Buarque é recheado de melodias intrincadas, acordes dissonantes e arranjos elegantemente complexos. Nele, há mudanças de tempos, ritmos e uma (sempre) ótima poesia.
Na minha mão
O coração balança
Quando ela se lança
No salão
Para esse ela bamboleia
Para aquele ela roda a saia
Com o outro ela se desfaz
Da sandália
Em apenas dez faixas e pouco mais de meia hora, Chico nos leva a um universo romântico que, com o aprimoramento da vertente literária do autor, ficou mais maduro. Até mesmo as decepções parecem menos doídas e desesperadas. O CD nos leva pelo samba, baião, xote e outras paisagens musicais que vão passando com uma agradável brisa por nossas mentes.
Para os que gostam de uma música mais palatável, Querido Diário e Sou Eu – essa última uma parceria com Ivan Lins, gravada aqui em dueto com Wilson das Neves – parecem as escolhas óbvias. Seriam boas candidatas a single, caso eles ainda existissem.
Os gostos podem variar – Nina é outra das minhas preferidas enquanto Sinhá me diz pouco – mas Chico é mesmo um daqueles discos que merecem muitas audições antes de podermos dizer se gostamos dele ou não.
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