Um show pela metade
Agora que a poeira baixou e as bandas já foram para longe (Austrália) vale o relato sobre o show. America e Chicago, dois nomes fortes dos anos 70, uniram forças para uma série de espetáculos. O show do Rio, na longínqua Arena HSBC, num sábado à noite, prometia. Porém, logo ao entrar na Arena veio a primeira decepção: as máquinas de cartões de crédito e débito dos quiosques que vendiam camisetas das bandas não estavam funcionanndo. Sorte que as únicas de um tamanho decente eram do Chicago.
Com uma configuração que pareceu ainda mais modesta que a usada por Peter Frampton, com menos lugares e mesas e preços mais em conta, era possível prever casa cheia. Não foi o que aconteceu. Encheu bem, mas não estava lotado.
Enfim começa o que imaginava seria uma maratona de nostalgia musical. O início do show do America, banda que emplacou uma série de sucessos e foi produzida pelo ‘beatle’ George Martin, teve direito a um vídeo com cenas da trajetória da banda, que completa 40 anos de estrada. Muito bom! Logo de cara eles já tascaram Tin Man, um de seus grandes hits, deixando os casais de meia idade felizes. Depois disso, com muita simpatia, Gerry Beckley e Dewey Bunnell seguiram com um set justo, bem ensaiado e que funcionou. Impossível não se emocionar com I Need You, Only in Your Heart ou A Horse With no Name.
A partir dai a noite mudou de rumo. O climão anos 70 que embalava grande parte dos casais de meia idade – maioria nos lugares mais caros da Arena – foi pelo ralo. O Chicago, que todos lembravam de baladas como If You Leave Me Now e Hard To Say I’m Sorry, entrou em cena com um naipe de metais e uma série de (longos) números instrumentais, mais chegados aos ritmos latinos (como a rumba) do que aos beijos e abraços. O público sentiu o baque e era fácil ver a quantidade de olhares surpresos sendo trocados.
Para piorar, a falta de Peter Cetera – vocalista e baixista original da banda – foi extremamente sentida por todos. Não apenas porque o timbre de sua voz é bastante singular, mas, principalmente, porque os substitutos escolhidos para interpretar as canções estiveram em uma noite deplorável, desafinando, não alcançando as notas mais altas e mostrando uma total falta de carisma. Era constrangedor ver que muita gente não bateu palmas após grandes sucessos como You’re the Inspiration ou Hard to Say I’m Sorry. Mas o que já era ruim ainda piorou. Bem antes do bis grande parte da platéia já levantava apressada para sair da Arena, o que causou um engarrafamento no estacionamento enquanto ainda rolava o show.
Fim da noite e a constatação de que foi uma benção que as máquinas dos quiosques de camisetas não funcionassem e de que é preciso escolher bem com quais artistas gastar o seu dinheiro. Pelo menos tivemos o America.
SR. eu não fui a nenhum dos três shows no BRASIL, mas sou fã deste grupo há mais de 15 anos. o sr. está por fora. PETER CETERA saiu do grupo em 1985, já faz um bom tempo, não é? Desde então, o sue substituto é o mesmo vocalista. E se o Sr. não gosta do som dos metais, porque foi ao show?? o grupo CHICAGO, não é só YOU´RE THE INSPIRATION E HARD TO SAY I´M SORRY, tem tantas outras músicas boas para serem ouvidas,(um cd duplo com mais de 40 são os seus hits – melhores e isso não quer dizer que são só estas) com ou sem PETER. Para finalizar, o sr. tem que se informar antes de ir a um show, ok.
Cara Roseli,
Tenho certeza de que você é bem mais observadora e inteligente que os fãs do Durn Duran, por exemplo, que reclamam até de um texto onde se fala bem do show. Você deve ter notado que, em respeito ao passado da banda, não publiquei minha crítica no portal onde trabalho, deixando que fosse colocada a de São Paulo, que foi bem mais generosa. O texto sobre o show não expressava a minha preferência – mas a do público, que deixou o local antes do fim e não aplaudiu várias ótimas canções. Peter Cetera deixou o grupo faz muito tempo, mas ou o seu substituto estava em uma péssima noite ou é fraco mesmo. Não tenho como saber, já que não vejo tantos shows assim do grupo. Todos podem ter um dia ruim (Eric Clapton, Paul McCartney, Pete Townshend) e todos podem ter hits que não funcionam ao vivo e canções ‘obscuras’ que agradam a todos.
Infelizmente você não estava lá para ver e ouvir o que aconteceu. Mas creia, foi ruim.