Atualizado em 24/8/09
Momentos antes de sair para a estréia do espetáculo 1+1, de Ivan e Claudio Lins no Teatro Rival, um amigo escreveu que devíamos fugir deles. Pura maldade musical de um roqueiro.
Ian Lins é um dos músicos e compositores mais talentosos do Brasil e dono de uma obra reverenciada por artistas que vão do jazz ao pop, passando pelo clássico, em todas as partes do mundo. Suas canções tem uma assinatura única, que mistura harmonias complexas com letras e quebras rítmicas extremamente singulares. Já Claudio Lins segue, no seu segundo e bom CD, Cara, mostra um poder vocal maior que o do pai e composições que, apesar de pessoais, não negam o DNA da familia.
O espetáculo, que segue um roteiro muito mais normal em shows estrangeiros, onde a direção dita os diálogos e torna tudo menos natural (o que pode ser mudado ao longo da temporada de seis apresentações) parece um aprimoramento do que Ivan havia feito no mesmo Teatro Rival, em 15 de junho, acompanhado pela mesma banda – Téo Lima (bateria), Nema Antunes (baixo), Leonardo Amuedo (guitarra), Marco Brito (teclados) e Marcelo Martins (sax e flauta) – e apresentando um repertório baseado no CD Ivan Lins & The Metropole Orchestra (Biscoito Fino).
A reunião de pai e filho (pela primeira vez) é extremamente prazerosa. As canções de Ivan ganham novos arranjos que dão frescor a sucessos bastante conhecidos, enquanto Claudio mostra talento e domínio de palco nos momentos solo e dá um tom mais carinhoso quando canta em pé ao lado do pai.
Mesmo com a bela história de como Vitoriosa foi composta (com a ajuda de Claudio) sendo uma repetição quase fiel do texto contado em junho e alguns momentos onde pede a participação do público parecerem inoportunos, é mesmo Ivan quem emociona mais o público com Lembra de mim, A Gente Merece Ser Feliz, Madalena e Ai, ai, ai, ai, ai, ai – uma das melhores do espetáculo.
A maldição da mudança de mesa
Neste momento uma pausa na crítica do show para uma história não muito feliz. Depois de três anos de freqüência quase semanal no Rival, quase sempre na mesma mesa (que quase já tem meu nome escrito nela, fiquei surpreso ao ver que estava na mesa ao lado da tradicional. Logo ao pegar meu convite também fui surpreendido com uma mulher falando alto e carregando um violão, algo pouco recomendado para um lugar onde as mesas são tão próximas, o espaço não muito grande e não há guarda volumes. Claro que ela e seu acompanhante ficaram na mesma mesa que eu, mas isso era só o começo. O seu companheiro, que logo questionou se a mesa não seria apenas para eles (detalhe: entraram depois de mim) se mostrou logo uma mala-sem-alça e um poço de falta de educação e simancol.
Começa o espetáculo e logo na primeira canção começa uma conversa em voz alta que iria atrapalhar todos os momentos onde os arranjos mais jazzísticos ficariam prejudicados pelo bate papo do casal mala. Só não entendo o porquê do silencio nos intervalos entre as canções. O homem parecia querer despejar um suposto conhecimento musical que só podia ser no intuito de impressionar sua acompanhante, que cismava em cantar todos os refrões, para mostrar seus dotes vocais. Alias, era deprimente a cara de desespero dele em não ter com quem falar durante todas as três vezes que ela levantou para ir ao banheiro (inconveniente tem que aproveitar todas as oportunidades, né?).
Gente, vão procurar um quarto ou alugar um DVD onde podem falar alto, comentar, vomitar conhecimento sem atrapalhar ninguém. Que inveja da educação da mesa onde estava Mauro Ferreira.
O show vai continuar
Ivan e Claudio continuam suas apresentações nos dias 20, 21 e 22 (quinta, sexta e sábado) e De Daquilo que eu sei, que inicia o espetáculo ate Madalena (numero de encerramento) a dupla consegue alegrar corações e elevar espíritos com sua boa musica. Com pequenos ajustes e um maior entrosamento nos momentos dirigidos, 1+1 tem tudo para se tornar um dos grandes momentos do ano.
Eu vou precisar ir novamente ao Rival para ouvir com calma as nuances dos arranjos.
Segunda chance
Estava certo. A segunda ida ao Rival foi bem mais prazerosa. O show estava mais acertado, o silência ajudou e até uma pequena mudança na lista de canções foram decisivos para pode dizer: Quando puder, não perca a chance de ver Ivan e Claudio.
Alguns diálogos foram cortados, deixando apenas uns poucos momentos instrumentais como gordura a ser cortada.
Sai de alma lavada.
hahah
casal sem condições esse, hein!
A propósito, Ivan Lins é um mestre. Saca muito de harmonia e sabe fazer belas melodias. As letras é o que às vezes bate na trave, mas …