Discos dos anos 70 são remasterizados
Vira e mexe algum super astro ou grupo das antigas tem a sua carreira revisada, seja em forma de caixa, seja em forma de discos remasterizados. Em setembro, por exemplo, os Beatles vão ter duas caixas (leia aqui). Até agosto, quem está nos holofotes é a coleção dos anos 70 e 80 dos Rolling Stones – a maior banda de rock do planeta e grandes rivais dos Garotos de Liverpool, nos anos 60. São 14 álbuns que englobam – para muitos – o melhor da produção da banda, mais os discos Dirty Work, Steel Wheels, Voodoo Lounge, Bridges To Babylon e A Bigger Bang, todos agora no catálogo da Universal.
Os primeiros quatro discos que chegaram as minhas mãos – Sticky Fingers (1971), Goats Head Soup (1973), It’s Only Rock’n’Roll (1974) e Black And Blue (1976) – são daquela fase onde, além de ser uma bela banda de garagem que deu certo, os Stones tinham por característica o som pantanoso de seus discos, onde clareza era algo que não parecia fazer parte do dicionário do grupo. Também, nem sei como eram as coisas no Alabama (Sticky Fingers) ou na Jamaica (Goats Head Soup) nos anos 70.
Quem coleciona e/ou gosta dos Stones já deve ter comprado o mesmo disco várias vezes ou ter a mesma música em vários discos e caixas, sempre com uma mixagem melhor, alguma arte diferente ou similares. No caso de Sticky Fingers, já perdi a conta de quantas vezes tenho Brown Sugar ou Wild Horses na minha coleção de CDs. Mas, fui lá conferir, até porque o grande charme desses relançamentos são as artes originais (se é que um CD pode reproduzir bem uma capa de LP dos anos 60/70) e o som. Nada de faixas extras ou booklets com mais informações sobre as faixas, etc.
Onde está o som sujo?
Ajeito os fones, coloco o CD para tocar e…ESPANTO! Logo nos primeiros acordes de Brown Sugar o som é muito mais limpo que em qualquer outra (re)edição que já tenha ouvido. Vou passando pelas faixas e lembrando como eram bons esses discos e como todos reclamavam da produção dos anos 70. Passo para o Goats Head Soup e me deparo com uma 100 Years Ago deslumbrante. Fica a pergunta: onde está o som sujo do grupo?
Dou um tempo, pego um refrigerante zero (sinal dos tempos) e sigo para os dois próximos CDs. It’s Only Rock’n’Roll e Black And Blue nunca estiveram entre os meus preferidos, mas admito que teria uma impressão muito melhor deles caso o som que tivesse ouvido da primeira vez fosse os desses novos CDs e não de uma má prensagem nacional em vinil. Memory Motel, Melody, Dance Little Sister e Crazy Mama nunca soaram tão bem.
Pelo jeito estes são os CDs definitivos (espero não precisar trocar mais nenhuma vez por conta de novos tapes ou outtakes) e serviram para deixar aquela vontade de ouvir um Tatoo You ou Exile on Main Street com essa clareza.
A nova leva de CDs dos Rolling Stones está prevista agora para julho (Some Girls, Emotional Rescue, Tattoo You e Undercover) e termina em agosto, pouco antes do lançamento das caixas dos Beatles.
Aguardem a segunda leva, que chegana segunda-feira.
PS: Claro que fãs terão a opção de comprar um box para colecionadores com todos os 14 CDs. Claro.