Nos últimos dias O Dia e O Dia Online têm sido bombardeados com cíticas, por conta da veiculação de um vídeo onde mostra o local da morte e o corpo de Marcelo Silva, ex-policial e ex-marido de Susana Vieira. Como subeditor do site, deveria ter a obrigação de defender a posição da empresa, mas neste caso nem preciso recorrer a essa obrigação.
Muitos coleguinhas e futuros coleguinhas parecem que vivem mesmo em outro planeta ou então foram acometidos de um surto de hipocrisia, falta de visão, falta de memória ou apenas um idealismo que vai se dissolver na selva do mercado de trabalho.
Confesso que o conteúdo e as cenas fortes não me incomodaram tanto quanto aquelas mostradas no Jornal Nacional meses atrás, onde bandidos eram fuzilados por um helicóptero em uma favela carioca. Parecia filme de guerra.
Há bons argumentos do lado dos que são contra a veiculação das imagens e do lado dos que são a favor. O que acho surreal é dizerem coisas como: “A morte é um momento privado” ou “Não havia valor jornalístico“. Ora, qualquer pessoa pública pode ter sua decadência/morte devassada (é assim desde Marilyn Monroe – ou antes) e – para os politicamente corretos – a morte de Marcelo deveria ser tão privada quanto a morte de bandidos e traficantes. Todos são pessoas humanas (sic).
Valor jornalístico deve ter, já que emissoras de TV requisitaram o tal vídeo. Considerar alguém bom ou mau profissional por conta da decisão de divulgar esse tipo de conteúdo é, no mínimo, leviano. O que mais há são péssimos profissionais – que você conhece o caráter apenas no apertar de mãos -, bem vestidos, educados, cagadores de regra e que não sabem nem onde o lead fica.
Pode-se questionar se a linha editorial é muito popular, se o site é muito voltado para o Rio, etc. Mas creio que qualquer outro site faria o mesmo, caso tivesse o material nas mãos. Não é a mesma coisa de alguém noticiar um suicídio (isto sim expõe a família).
É ótimo trabalhar em um lugar onde as pessoas tenham opiniões conflitantes (ajuda na qualidade das informações e no formato da sua divulgação) e eu já sou um acorde dissonante constante. No dia da divulgação, estava fazendo a madrugada e não participei desse processo decisório. Anyway, colocaria na home do site sem qualquer problema ou questionamento.
Será que as pessoas não lêem/vêem/ouvem jornalistas de economia falando bem de determinado governo, porque seus companheiros ganharam alguma consultoria; jornalistas políticos puxando o saco de X ou Y, por conta de ideologias; jornalistas esportivos criticando atletas para favorecer seus interesses comerciais? Esses são maus-profissionais.
Gente, vamos acordar!! Gostemos ou não, a ilha de Caras tá ai para ficar.