Uma pessoa amiga certa vez criou uma personagem chamada Nicole. Desde sempre adorei seus textos, embora Nicole tenha ficado muda faz alguns anos. Todos têm uma Nicole dentro de si e abaixo reproduzo um dos ótimos textos dessa pessoa amiga e sem nome. De lambuja, uma das mais belas letras já escritas pelo ‘Deus’ Eric Clapton.
Em uma semana eu era a parte feliz da sua vida. Hoje sou o que? Hoje não sou nada. Sou alguma gorda infeliz que não é digna de te dar amor e te dar carinho. Você disse que é jovem ainda e que merece ter uma mulher bonita ao seu lado. Semana passada eu era deslumbrante, irresistível. Agora sou o que? Agora não sou nada. Sou Nicole, assustada, caminhando sem rumo não em um jardim, mass numa selva de pedra. E depois de tanta coisa dita e de tanta coisa calada, guardada, como um segredo, que nem você mesmo conhece, você vem e me pergunta: “Como vai?” Essa é uma pergunta que jamais deveria ter sido feita. Até porque você não queria saber a resposta. Ou será que queria, só para ter certeza que eu não era mais eu?
Agora sou Nicole, assustada e sem rumo, caindo do vigésimo andar. Mas como você não tinha certeza? Você me empurrou. Deveria saber que a partir daquele momento, eu caia e caia… mas você me julgava forte e talvez me invejasse por isso. Talvez quisesse me ver fraca. Mas ainda não cheguei ao chão, não quero chegar. Eu não vou chegar. Vou sair voando. Que ironia! Você poderia imaginar que justo eu seria capaz de me sustentar no ar, olhando de andar em andar? Assim estou, descendo aos poucos, parando em cada janela, olhando do lado de fora para dentro do edifício que é a minha própria vida e tentando enxergar o que há lá dentro.
Talvez no final eu até agradeça o empurrão. Talvez assim como Nicole tenha encontrado a felicidade em meio a tantas tragédias, eu posso encontrar também. E isso não quer dizer que eu não possa cair, que eu não possa chorar. Mas ainda não consegui chorar. Você secou as lágrimas que caiam sobre as rosas desse jardim.
Behind the Sun (Eric Clapton)
My love has gone behind the sun;
Since she left, the darkness has begun.
The smile that used to shine on me
Is nothing more than a memory.
I see her face, I hear her voice.
She made her move, I had no choice
But walk and cry, wipe tears with my hand,
The one that carries a wedding ring
And the clouds hang low
And the flowers that used to grow
In my heart
Are dying now, dying now
Ouça as músicas do F(r)ases da Vida
Tempos de Casório? Quem ainda não passou por isso? Quem ainda não paasou ainda passará. Concordo quanto às angústias geradas no casamento, mas acredito que os “solteiros” passam pelas mesmas angústioas e questionamentos… É aquela velha questão: To be or not to be?
Quanto a Nicole todos nós já fomos, ou nos sentimos Nicole um dia. Lindo texto. Achei o máximo ela decidir olhar de andar em andar, ao invés de se esborrachar direto lá no primeiro andar. Se sempre tivessemos essa lucidez as coisas seriam, com certeza mais fácil…