Documentário de Peter Jackson sobre os Beatles ganha datas de lançamento e duração estendida. Promessa é de mostrar uma banda se divertindo
A Disney finalmente decidiu: Get Back — o documentário sobre os Beatles dirigido por Peter Jackson (Senhor dos Anéis) — será lançado na plataforma Disney+ e terá 6h de duração.
O lançamento acontecerá em três episódios (dias 25, 26 e 27 de novembro) em episódios de 2h cada.
Essa decisão (por conta da insegurança em relação às salas de cinema nos principais mercados do mundo) muda muito a expectativa em relação ao filme.
Nem felicidade, nem conflitos
Se os primeiros relatos diziam que esse “novo Let it Be” seria muito mais “feliz”, mostrando uma banda se divertindo e não se desintegrando, agora, as coisas podem ficar mais “no meio-termo”.
Essa impressão vem por conta de que, com mais tempo, ficará mais difícil encontrar os tais “momentos felizes”, citados por Jackson em vários momentos.
Quem já ouviu todas as gravações disponíveis dessas sessões de janeiro de 1969 (e são bem mais horas que as 60 horas de filmagem existentes) sabe que em boa parte do tempo o clima era de muito pouca paciência e entusiasmo.
Porém, não foi isso que Jackson contou a revista Vanity Fair.
— Após ver as filmagens eu encontrei o Paul McCartney em um show na Nova Zelândia (em 2017) e disse a ele que fiquei muito surpreso. Eu esperava que fosse uma experiência miserável para a banda e o que eu vi foi exatamente o oposto. É inacreditavelmente engraçado e mostra vocês se divertindo muito — disse o diretor.
Porém, apesar de não haver imagens ou áudio do momento no qual George e John literalmente saem no tapa, Jackson vai manter a discussão entre Harrison e McCartney, e que, erroneamente, sempre é colocada como a razão para a saída de George do projeto (e da banda) por alguns dias.
— Eu não recebi nenhuma orientação. Ninguém da Apple e nenhum dos Beatles me disse o que fazer e nenhum deles me disse “Não mostre isso ou aquilo”. Tive total liberdade — contou.
Novos ângulos
Ainda segundo Jackson, com a nova edição algumas cenas conhecidas foram incluídas, mas mostradas em ângulos e câmeras diferentes das já divulgadas.
— Nós tentamos não repetir nenhuma imagem, com uma ou duas exceções onde não havia o que fazer. Mas nós tentamos não seguir os passos do filme “Let it Be”, já que essa é a razão de existir o Get Back. Nosso filme será um suplemento ao “Let it Be” — explicou Jackson.
Essas declarações deixam os fãs dos Beatles muito esperançosos de verem uma edição mais bem feita do que a original de Michael Lindsay-Hogg, o que não deve ser muito difícil.
Período produtivo
Apesar do clima não muito agradável entre os Beatles (apesar dos relatos de Jackson) e da clara falta de entusiamos em estarem em um estúdio de filmagem durante o inverno inglês, o período foi muito produtivo.
Além das canções que entraram no disco “Let it Be”, a banda ensaio mais da metade das canções que iriam parar no álbum “Abbey Road”, quase metade do repertório que George iria usar em seu “All Things Must Pass”, e várias músicas que seriam usadas por Lennon e McCartney em vários de seus álbuns solo e em alguns singles.
Entretanto, ao ouvir as performances, fica óbvio que seria preciso muito trabalho e muito mais foco e entusiamo para que essas ótimas canções pudessem se transformar em um “produto” com a qualidade dos Beatles.
Faltava a mágica!
Agora é esperar novembro chegar.
Uma versão deste texto foi publicada na Revista Ambrosia