Delia Fischer e Ney Matogrosso arrebentam em ‘Blues de Acabar’

Canção com “letra de cortar os pulsos” une o piano as belas vozes de Delia e Ney em um dueto impecável

Já está ficando repetitivo — e tomara que fique cada vez mais — falar que a pandemia tem permitido o lançamento de obras inspiradíssimas de artistas de vários gêneros musicais em várias partes do globo.

Lançado na última sexta-feira (23), o single da canção “Blues de Acabar”, um dueto entre Delia Fischer e Ney Matogrosso, é mais um dos trabalhos para serem colocados em todas as playlists de 2021.

Negócio fechado,
Vai cada um para o seu lado
Eu prometo seguir calado
Disfarçando meu mal bocado
Engolindo minha solidão, coração!
Então, tá entendido
Só desfaz o prometido
Mesmo com o peito partido
Finjo até não ter doído
Pra topar tua decisão, fala não!

Delia, que já fez a direção musical de espetáculos como “Beatles num céu de diamantes”, “Milton Nascimento – Nada será como antes” e “Elis, a musical”, assina a composição (em parceria com Marcio Moreira) de uma canção praticamente perfeita.

— A letra me chegou em meio a pandemia com o título original de “Samba de Acabar”. Confesso que tentei enquadrá-la nesse formato, mas a melodia que nasceu tinha muita influência do blues. Propus manter como uma bossa, mas de tanto tocá-la, o samba e a bossa deram lugar ao blues, reforçando ainda mais o discurso da canção, que fala das dores do amor, tema clássico e recorrente no cancioneiro da antiga e também atual MPB — conta Delia.

Piano e vozes impecáveis

A combinação do lindo arranjo para o piano de Delia e a combinação da sua voz com a de Ney Matogrosso, dão a canção um peso dramático que emociona e faz aquela lágrima quase escorrer.

— Cantei em cima da voz guia da Delia, depois sem a voz dela, até ficar como queríamos. Adorei o resultado, nossas vozes combinaram muito bem — completa Matogrosso.

Então tá combinado
Não sou mais teu namorado
Tava mesmo tudo errado
Como um filme programado
Pra durar só uma estação, ilusão!

Fazer o quê?
Quando um não quer
Dois passam fome
Quem não chora não é homem
Ri por último quem some na escuridão

A dor do amor de “Blues de Acabar” é daquelas pela qual qualquer pessoa com mais sentimento que egoísmo já passou.

Que a pandemia acabe logo, mas que a inspiração não desapareça com ela.

Fotos: Jhow Lourenço/Divulgação

Uma versão deste texto foi publicada na Revista Ambrosia

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