O Rio de Janeiro é uma cidade maravilhosa, cheia de história e rica no setor gastronômico. Porém, vários de seus restaurantes tradicionais do Rio lutam para sobreviver
Uma das cidades mais conhecidas do mundo, o Rio de Janeiro também é o berço de bares e restaurantes históricos. Lá foram criados pratos, petiscos e acompanhamentos que são conhecidos em todo o Brasil.
Infelizmente, alguns desses ícones estão sofrendo para se manterem abertos durante a pandemia.
E, pior ainda, alguns deles estão fechando as portas. Portanto, assim que puder, vale fazer uma visita a um dos restaurantes listados abaixo e ajudá-los a continuar mantendo a tradição de servir pratos clássicos.
Criações tradicionais que ultrapassam fronteiras
Filé à Oswaldo Aranha, Guarnição à Francesa, Bolinho de Feijoada. Esses são apenas alguns dos pratos mais populares do Brasil e que foram criados no Rio. Isso, sem contar os nomes históricos que passaram pelos “estabelecimentos históricos”.
Cosmopolita, a casa do Filé à Oswaldo Aranha
Localizado em uma pequena travessa no centro da cidade (Travessa do Mosqueira, 4 – Lapa), o Cosmopolita foi fundado em 1926 por imigrantes espanhóis e, por conta do grande número de políticos que frequentavam o local, ganhou o apelido de “Senadinho.
Era lá que o gaúcho Oswaldo Euclides de Souza Aranha (1894 – 1960), conhecido como Oswaldo Aranha, pedia sempre um filé alto ao alho, acompanhado de arroz, farofa e batata portuguesa. Nascia o Filé à Oswaldo Aranha.
Infelizmente o espaço acanhado sofre com a falta de clientes desde o início da pandemia. Os problemas financeiros que já existiam se aprofundaram e as chances do estabelecimento fechar não são poucas.
O Cosmopolita não tem site e seu Facebook deixou de ser atualizado em 2016, mas ele continua aberto. Para quem quiser tirar alguma dúvida, o telefone deles é: (21) 22247820.
Rio Minho, o mais antigo da cidade e lar da Sopa Leão Veloso
Restaurante mais antigo da cidade — foi fundado em 1884 — o Rio Minho (Rua do Ouvidor, 10 – Centro) é especializado em peixes e frutos-do-mar e é um patrimônios dos cariocas.
Foi lá que o embaixador Pedro Leão Veloso (1887-1947) transformou a bouillabaisse, prato típico da Marselha, na Sopa que leva o seu nome (feita com um caldo de cabeça de cherne e suco da cabeça do camarão. Tudo isso cozido com uma mistura de peixes e frutos-do-mar.
O telefone do Rio Minho é: (21) 2509-2338.
Guarnição à Francesa é no Nova Capela
Filé à Francesa, Frango à Francesa, Lombinho à Francesa, são algumas das variações que podemos encontrar com aquele acompanhamento feito com batata frita fina, presunto, cebola e petit pois.
Reza a lenda que um cliente francês do Nova Capela sempre pedia esse acompanhamento, que acabou sendo incorporado ao cardápio da casa. Porém, há quem jure que isso é apenas uma lenda.
A verdade é que o tradicional restaurante da Lapa (Av. Mem de Sá, 96 Centro) tem um cardápio baseado em receitas portuguesas e uma cozinha irregular, mas cheia de tradição. Além disso, poucos lugares têm um ambiente mais boêmio-retrô que o Capela (como é chamado pelos cariocas).
Bar Luiz, resistindo desde 1887
Provavelmente o bar mais badalado do centro do Rio, o Bar Luiz — aberto originalmente em 1887, na Rua da Assembleia, com o nome de “Zum Schlauch” (que depois mudou para Bar Adolph) — é um dos mais amados pelos cariocas.
Desde 1916 instalado na Rua da Carioca, 39, Centro, o restaurante especializado na culinária alemã é um dos poucos capazes de fazer o carioca enfrentar uma enorme fila só para entrar, consumir e impedir a sua falência.
Comer um salsichão, língua defumada ou costeleta de porco com uma maionese de batatas feita cortadas em uma máquina com mais de 100 anos e beber um chopp que passa por uma serpentina de mais de 100 metros, é uma experiência quase religiosa.
Café Lamas entrega em domicílio
O bar mais antigo do Brasil, mas que não é. O lugar que não trabalha com delivery, mas faz entregas em domicílio. Ponto de encontro de escritores, intelectuais e boêmios. Esse é o Café Lamas.
Inaugurado em 1874, o Lamas poderia ser chamado de bar mais antigo do Brasil, não fosse o fato de ter ficado fechado por um período nos anos 70.
O lamas é tão brasileiro, tão carioca, que os clientes reclamaram quando apareceu uma placa dizendo que o lugar trabalharia com delivery. Afinal, o Lamas só poderia fazer “entregas em domicílio” e a placa foi trocada.
Nas suas mesas e cadeiras já estiveram nomes como os de Oscar Niemeyer, Manuel Bandeira, Monteiro Lobato, Machado de Assis, Cândido Portinari e Sérgio Buarque de Holanda, frequentadores assíduos do bar.
O salão (que era extremamente enfumaçado pelos clientes fumantes) agora tem um ar bem menos poluído, mas, nem por isso, o milanesa do Lamas perdeu sua majestade.
Um lugar para um bom papo que (podia) virar a madrugada. Esperamos que esse “normal” volte logo.
O Lamas fica na Rua Marquês de Abrantes, 18 Loja A, no Flamengo.
Aconchego Carioca: o caçula dos tradicionais
O Aconchego Carioca, bar/restaurante comandado pela chef Kátia Barbosa (que ficou bastante conhecida no Brasil depois das participações no programa “Mestre do Sabor”) entra na lista por ser o nascedouro do bolinho de feijoada.
O empreendimento, que teve a sua primeira filial na Praça da Bandeira (Zona Norte do Rio), é um dos bons bares da região e que vale muito a visita.
A cozinha, baseada na culinária brasileira, tem pratos de comer ajoelhado.
Os tradicionais que se foram
Casa Villarino
O bar/delicatessen onde Tom Jobim e Vinícius de Moraes se conheceram, onde o termo “bossa nova” foi ouvido pela primeira vez, não existe mais.
A Casa Villarino, que funcionava desde 1953 em um simpático espaço na Av. Calógeras, no centro do Rio, não resistiu e foi mais uma vítima da pandemia do novo coronavírus.
O anúncio foi feito através de uma curta e triste nota nas redes sociais da casa.
“Nos sentimos muito honrados e orgulhosos por termos feito parte da bela história da Casa Villarino, um dos berços da bossa nova e ponto de encontro de intelectuais e artistas. Agradecemos a todos aqueles que nos prestigiaram com sua presença desde 1953”
Hipódromo
Foram 75 anos de história em frente ao Hipódromo da Gávea. Batizado por conta dessa proximidade, o Hipódromo era um dos mais tradicionais bares/restaurantes da Zona Sul do Rio.
Local perfeito para beber um chopp, bater papo e analisar os páreos que seriam disputados nas pistas do outro hipódromo.
Uma pena.
Escalada: o “bunda de fora”
O centro do Rio é (era) um local basicamente de trabalho, onde um bom PF (prato Feito) tem o seu valor. O Escalada — que oficialmente era uma lanchonete, mas, na verdade, era um dos PFs mais honestos da cidade — é outro estabelecimento que não resistiu aos efeitos da COVID-19.
Chamado carinhosamente de “bunda de fora” (por conta dos seus bancos) o Escalada servia PFs generosos e que permitiam que o cliente escolhesse as combinações de alimentos que quisesse por um preço muito honesto.
Foram quase 50 anos de bons serviços aos que trabalhavam no centro da cidade. Uma grande perda para uma região da cidade que foi severamente atingida pelo distanciamento social e pelo home office.
Prestigie a gastronomia do Rio
Com a queda no número de clientes e o lento ritmo de vacinação no Brasil, é uma boa ideia (e atitude) visitar alguns desses restaurantes na sua próxima visita ao Rio de Janeiro.
Prepare um roteiro gastronômico de acordo com a localização da sua hospedagem e ajude a manter a nossa história viva.
Você pode entrar em contato conosco para que façamos um roteiro personalizado e inesquecível. Basa clicar no banner abaixo ou enviar um e-mail para blogdoferoli@blogdoferoli.com
