Da série: Reestruturar não significa necessariamente demitir!
Um exemplo para os empreendedores brasileiros?
Recentemente, o Google anunciou a sua maior mudança organizacional de todos os tempos. A reestruturação levou a criação de um holding chamado Alphabet dentro do qual o Google em si seria apenas mais uma empresa. Ao lado da gigante das buscas, figuram outros investimentos da companhia, como pesquisas em saúde e banda larga de alta velocidade.
Até então, com tudo sob a batuta do Google, o dinheiro para investimento saía do mesmo bolso. Agora, porém, a companhia deve prosseguir com a separação completa de seu núcleo de internet (buscador, YouTube, Android e outros) do restante dos serviços e pesquisas não relacionados à web.
Assim, todos os serviços atuarão de maneira independente dentro da Alphabet. Com isso, o especialista do Bank of America (agora pertencente ao Merril Lynch) Justin Post acredita que esses produtos não relacionados à internet devem sofrer um pesado corte de investimentos.
Produtos sem valor de mercado
O grande responsável por isso seria o fato de que a maioria dos produtos que não são o Google dentro da Alphabet ainda não têm valor de mercado suficiente para se manter com as próprias pernas. Tirando empresas como Nest, Dropcam e Fiber (ambas parte do holding), as demais ainda não têm essa capacidade.
Para Post, essas três empresas devem trazer uma arrecadação de US$ 500 milhões para a empresa em 2016, gerando um lucro que varia entre US$ 100 milhões e US$ 150 milhões. Enquanto isso, as demais letras deste alfabeto ainda são minúsculas, com o perdão do trocadilho, e necessitam de dinheiro que vem de outras companhias do grupo.
Diferentes cenários para a análise
Para chegar a essa conclusão, Justin Post utiliza dois cenários diferentes. No primeiro, ele assume que a margem de operação dos principais produtos do Google foi ajustada em 53%, como aconteceu em 2010, antes da companhia ampliar seus investimentos em setores fora da web. Já o YouTube, teve sua margem de operação ajustada em 15%.
A partir disso, ele conclui que os produtos menos relevantes (ao menos para o público) da empresa, aqueles que não orbitam o mundo da internet, poderiam perder cerca de US$ 4 bilhões em investimento quando a reestruturação da companhia em torno da Alphabet for completada.
Esse, contudo, é o pior cenário de análise. Usando como parâmetro a ampliação dos postos de trabalho, Post revela que o núcleo central do Google foi o destino de 16% dos novos empregados contratados ao longo dos últimos cinco anos. Com base nessa informação, as perdas da Alphabet seriam de US$ 2,7 bilhões.
De olho no mercado de ações
Apesar de números nada animadores, pelo menos diante das previsões do especialista do Bank of America, há indícios de que a jogada do Google pode dar resultados positivos. Isso porque a segmentação da companhia pode atrair a atenção de investidores do mercado de ações.
A ideia é simples: investidores interessados em desenvolver o mercado de banda larga de alta velocidade e telecomunicações, por exemplo, podem investir diretamente na Fiber, a empresa do Google (ou, melhor dizendo, da Alphabet) responsável por esse tipo de pesquisa.
Por outro lado, aponta Post, esse panorama pode ser uma faca de dois gumes. Na mesma medida em que pode estimular investimentos específicos, a separação completa do Google (o que deve acontecer em janeiro de 2016) pode afastar investidores das demais empresas da Alphabet. De qualquer forma, apenas os próximos anos dirão qual previsão estava correta.
Fonte: Canaltech