O mundo já não era o mesmo em março de 2002. Os ecos da tragédia do 11 de setembro ainda podiam ser ouvidos e os Estados Unidos estavam assustados e paranoicos. Foi nesse cenário que desembarquei em NY para aproveitar a cidade, enquanto ainda pairava a possibilidade de novos atos terroristas e do fim do mundo.
Uma das coisas que entraram na minha agenda era assistir um show de Les Paul, o homem que inventou a guitarra, a gravação em multicanal, etc. O velhinho – na época com 87 anos – ainda tocava todas as segundas em um pequeno clube de jazz da cidade – o Iridium. O local era/é minúsculo e fiquei a bem poucos metros do homem. Mas o melhor mesmo foi vê-lo tocar Aquarela do Brasil e ir falar com ele após o show, sem qualquer dificuldade ou frescura. Ele contava piadas (algumas bem safadinhas) e mostrava o primeiro corpo de guitarra que inventou, assim como o primeiro amplificador, etc.
Lembro de comentar com ele sobre Aquarela do Brasil (que ele chamava apenas de Brazil) e de não tirar nem uma foto com ele – vale lembrar que não havia máquinas digitais e que foi uma viagem de pobre. Mas o impressionante é que apaguei da minha memória que havia pego um autógrafo dele. Só recentemente, durante uma arrumação, encontrei o bichinho imaculado. Não preciso dizer o quão feliz isso me deixou. Sendo assim, compartilho essa lembrança com vocês.
Obrigado, Sr. Lester William Polfus!