Fiquei impressionado (e decepcionado) com a quantidade de gente (boa) que tentou (e tenta) justificar a invasão do prédio da Oi, no Rio de Janeiro, na semana passada. Pior, essa mesma gente – alguns jornalistas e formadores de opinião que respeito – também condenam a “brutalidade” usada no processo de remoção daqueles invasores.
Bem, para início de conversa, vamos deixar claro que a discussão aqui é a invasão de uma propriedade privada e não a falta ou má gestão de políticas públicas. Isso é outra pauta. Não há justificativa lógica para que seja aceita uma atitude dessas em uma sociedade organizada, por mais desigual que ela seja. Não importa quem seja o proprietário ou quão rico ele seja – ter dinheiro e posses, coisas que não tenho, não é um crime – a propriedade privada precisa ser protegida pelo poder público em todas as suas instâncias. Conheço várias pessoas pobres, que já moraram em favelas e em lugares onde valas de esgoto corriam na frente das “casas”, e que nunca precisaram cometer um crime para conseguir uma moradia. Também tenho relato de casos de gente que tem emprego, paga aluguel e mesmo assim foi para lá, invadir e tentar “se dar bem”.
Outro ponto importante e que não devemos perder de vista é que já havia gente alugando barracos, outros com geladeira, fogão e grill (daqueles do George Foreman) vendendo lanches para os outros invasores. Se estas pessoas moravam de favor ou nas ruas, como conseguiram esses eletrodomésticos? Seriam daquela leva de gente que não tem nada, mas perdeu tudo?
Também precisamos parar com a desculpa de que “um pequeno grupo de baderneiros se infiltrou na manifestação”. Pequeno grupo? Será que sempre é um pequeno grupo que ateia fogo, quebra , agride e depreda? Não creio. Esse argumento se dissolve quando verificamos a constância desse MO. Isso vale (principalmente) para as gangues que usam nomes como MST e similares, e que destroem tudo o que veem pela frente em nome da reforma agrária ou outro subterfúgio semântico qualquer que possa encobrir seus crimes.
Também é preciso lembrar que a Polícia Militar não é uma instituição assistencialista. Ela é, por definição e vocação, opressora. E, neste caso específico, representou todos os cidadãos que se sentiram agredidos com mais essa “desordem”, organizada por um bando de cidadãos de baixíssima categoria. Sim, são pessoas que, na sua maioria, merecem o mesmo tratamento chulo que os ladrões pé-de-chinelo que assaltam trabalhadores em ônibus, por exemplo. Esse tipo de pessoa rasteira não merece a mesma consideração dos que realmente lutam para ganhar a vida de modo decente.
É importante deixar claro que não estou discutindo déficit habitacional ou o valor de qualquer programa assistencial do governo (em qualquer instância). Que faltam casas e que os mais pobres merecem um “incentivo” financeiro pra que possam sustentar suas famílias. Porém, esses programas não podem fechar os olhos aos muitos que o recebem sem precisar. São fraudes e mais fraudes que só servem para sugar o dinheiro do contribuinte. Contribuinte que já subsidia as tarifas sociais de água, energia e telefone para muitos que moram em favelas. Ok, é justo. Mas é justo existir tarifa social para TV por assinatura? Eu pago impostos e mereço uma tarifa social, um desconto desses. Pessoas com (alegado) menor poder aquisitivo não deveriam ser incentivados a gastar seus recursos com supérfluos como esse.
A falta de critérios na distribuição de benefícios e o total descontrole no cadastramento de famílias no Minha Casa, Minha Vida, só para citar um caso, faz com que existam imóveis sendo “dados” para pessoas que jamais aceitarão viver em locais mais afastados e que vendem seus imóveis para obter algum lucro. Pensar que os invasores da Oi aceitariam imóveis no “interior” de Nova Iguaçu – novamente apenas um exemplo – é, no mínimo, uma tremenda ingenuidade. Imaginar que aqueles que têm emprego e que se aventuram numa empreitada desonesta como essa são apenas pessoas desassistidas é mais que ingenuidade, é burrice.
Não acho certo que a polícia trate de maneira desrespeitosa gente humilde. Não acho que o uso da força seja necessário em todos os casos, mas também não me iludo de que não há outra saída quando uma maioria de desordeiros delinquentes se mistura com a minoria pacífica e honesta.
A manifestação realizada por cerca de 400 pessoas em frente ao prédio da Prefeitura, exigindo que fossem cadastrados em algum programa habitacional – afinal, perderam suas casas patrocinadas pela Oi – é a prova de que o intuito da invasão era apenas se dar bem. Se aquelas pessoas são moradoras de rua eu sou um milionário da indústria de tecnologia.
A lógica nefasta de que todos precisam e merecem estar incluídos em algum tipo de programa assistencial é nojento e agride qualquer cidadão que trabalha e paga seus (altos) impostos. Não é porque os governos são corruptos, gerem mal os seus recursos e beneficiam os mais ricos e poderosos que devemos ver com olhos mais condescendentes crimes como os praticados por essa gentalha espalhada em todo o Brasil.
Não sou rico, mas adoraria ser. Portanto, se querem igualdade social e melhores condições para todos? Votem em pessoas decentes e cobrem que os realmente necessitados recebam a ajuda devida.