Novos chips que reduzem as diferenças entre as tecnologias de memória usadas como RAM e para armazenamento estão começando a deixar um nicho e podem mudar a forma como usamos nossos PCs, disse um analista da indústria neste domingo.
Segundo Tom Coughlin, fundador da Coughlin Associates, tais chips tornariam possível um computador que liga instantaneamente como um tablet, mas com um desempenho muito mais alto.
“Estamos vendo o desenvolvimento de novas tecnologias de armazenamento em estado sólido. A RAM Magnetoresistiva (MRAM) é uma delas, e também há discussões sobre o uso de RAM Resistiva (RRAM) em alguns casos. […] Tecnologias que nasceram em laboratórios e estavam sendo usadas em nichos de mercado estão se tornando mais disseminadas”, disse Coughlin, em uma apresentação durante a conferência Storage Visions, que acontece paralelamente à edição 2014 da CES em Las Vegas, nos EUA.
Chips de memória convencionais, ou DRAM (Dynamic RAM) armazenam os “zeros e uns” que compõem a informação usando uma carga elétrica em cada célula, mas a MRAM usa uma carga magnética. Já a RRAM é baseada em um “sanduíche” de dois materiais, com a camada central tendo uma resistência elétrica diferente do material das camadas exteriores.
Os PCs atuais usam DRAM para armazenar temporariamente os dados necessários à execução dos programas ou do sistema operacional. O conteúdo da DRAM é perdido quando o computador é desligado, mas a MRAM e RRAM são um tipo de memória “persistente”, ou seja, que armazena os dados mesmo sem energia. Com isso seria possível retomar instantaneamente uma sessão em um computador, mesmo que a máquina tenha sido desligada.
Memória Flash, normalmente usada em tablets, smartphones e em unidades SSD em PCs, também oferece armazenamento persistente, mas os novos chips seriam muito mais rápidos que ela. Segundo a Crossbar, uma das empresas que desenvolve a tecnologia de RRAM, a nova memória pode ser até 20 vezes mais rápida na escrita de informações, consumir 20 vezes menos energia e ter 10 vezes a durabilidade da memória NAND Flash usada atualmente.
Muitos dos principais fabricantes de chips de memória estão voltando seus interesses a estas novas tecnologias. A Renesas, a Hitachi e a Micron Technology estão entre as grandes empresas participando de pesquisas em MRAM na Universidade Tohoku, no Japão. E em agosto deste ano a Crossbar, que é uma startup, disse ter planos para produzir e licenciar sua tecnologia RRAM.
Mas segundo Coughlin, ainda há trabalho a fazer em ambas as tecnologias antes que elas possam substituir a DRAM, e o preço dos chips precisa cair.
“Quando isso acontecer, haverá muito interesse na criação de arquiteturas de computação que unifiquem o armazenamento e a memória. Onde poderei ter memória que mantém os dados mesmo que a alimentação seja desligada”, disse ele.
Mas a criação de PCs com memória persistente pode introduzir um problema: “muitas pessoas reiniciam seus computadores para recuperá-los de panes no sistema e outros problemas. Isso porque geralmente há algo errado com a memória, como dados corrompidos ou inválidos. Mas se a memória é mantida mesmo quando o computador é desligado, teremos de encontrar novas formas de fazer isso”, disse Coughlin. “Os fabricantes de computadores poderão ser forçados a criar sistemas mais confiáveis”.
Fonte: Computerworld