Esse não é um texto para dissertar sobre as táticas econômicas ou as consequências da alta do dólar no país, mas sim para refletir sobre o comentário de um experiente analista econômico sobre as previsões e expectativas erradas em relação à cotação da moeda norte-americana. Em um comentário onde falava sobre como acha que o câmbio vai se comportar, o economista disse que não acredita em uma alta maior do que as dos últimos dias (em torno de R$ 2,40). Questionado sobre essa opinião, já que a maioria dos especialistas diz que o dólar deve subir ainda mais. Com uma risada (que me pareceu ter um quê de desdém), disse:
“Essa é uma visão equivocada, característica de gente mais jovem ou com interesses políticos”.
Na hora fiquei um pouco surpreso, pensando no que a juventude teria conexão com uma análise econômica. Mas, logo depois, ele explicou.
“Quem é jovem não passou ainda por experiências que definem a nossa visão das coisas. Por exemplo, antes da confirmação da eleição do Lula (da 1ª vez) o dólar chegou a custar R$ 4,5. Dias depois recuou para o patamar normal da época, que era por volta de R$ 1,5. Assim como dessa vez, várias outras variações fortes já aconteceram e só quem viveu ou quem tem interesse em pesquisar vai lembrar-se disso”, disse.
O que isso significa? Na verdade NADA, mas prova que nem sempre ser mais novo significa novidade, ideias frescas ou uma visão mais “antenada” dos fatos.
Uma das coisas que jamais vou esquecer é de que você precisa estar atualizado sempre no que faz e absorver todas as novas tendências e aprendizados com o que já viveu, a tal experiência. Lembro que uma vez disse (em uma entrevista de emprego) que a Rede Social que menos me atraia era o Facebook. Os olhares foram de estranhamento e, claro, não fiquei com a tal vaga, mas a resposta é a mesma até hoje, independente de usá-la diariamente. Assim como até hoje não consigo ver muita vantagem em um tablet, a não ser para questões profissionais. Acho que os novos ultrabooks são bem mais úteis (e caros).
Ao escrever esse texto, o câmbio já ameaça uma recuada (ainda tímida), mas que me deixa uma impressão ainda mais forte de que há muitos especialistas sem experiência no que fazem zanzando por ai. Será mesmo que um profissional com apenas dois empregos (entre estágio e contratação) pode autointitular-se especialista em jornalismo digital, por exemplo?
Melhor esperar a queda do dólar, que é bem mais segura do que o conselho de um especialista fajuto desses.
PS: Escrevi esse texto e lembrei do nome de um personagem do filme besteirol Top Secret. Ele se chamava (em português) Latrine!